CNJ vai investigar torneio de juízes patrocinado pela CBF

CNJ vai investigar torneio de juízes patrocinado pela CBF

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai investigar um torneio entre juízes que está marcado para acontecer na Granja Comary, centro de treinamentos da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em novembro. O torneio será patrocinado pela CBF, entidade presidida por Ricardo Teixeira, com uniformes. O CNJ, que não se pronunciou oficialmente até esta quarta-feira (12/10), deve abrir o inquérito ainda nesta semana.

A principal motivação para a investigação é a suspeita de conduta irregular dos magistrados na relação com Teixeira, que é suspeito de remessa ilegal de dinheiro ao exterior e lavagem de dinheiro, fatos revelados em série de denúncias feitas pela Rede Record em junho deste ano.

O presidente da CBF é acusado de enriquecimento ilícito e recebimento de propina junto a outros dirigentes da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e teria ainda seu irmão, Guilherme, como procurador em empresas que estão na mira da Polícia Federal.

Uma dessas empresas é a Sanud, que tem o presidente da CBF como um dos sócios e seu irmão como responsável por assinar pela empresa no Brasil. A Sanud, ligada a RJL (do presidente da CBF), é o principal elo do sistema de remessas de dinheiro para paraísos fiscais no exterior.

Ainda nesta semana será aberto um inquérito para apurar o caso. O pedido de investigação foi feito pelo presidente do PRB (Partido Republicano do Brasil), Marcos Pereira. O PRB pede investigação e quer que Ricardo Teixeira seja afastado das decisões sobre os investimentos que contam com dinheiro público para a Copa de 2014 no Brasil em obras de infra-estrutura e nos estádios. O cartola também preside o comitê organizador da Copa do Mundo no país.

Nos anos 90, Ricardo Teixeira teria recebido propinas que somam quase R$ 15 milhões (US$ 9,5 milhões). Os depósitos, 21 no total, vieram da empresa de marketing esportivo ISL. O dinheiro era depositado na Sanud, empresa sediada no paraíso fiscal de Liechtenstein, na Europa. No Brasil, Guilherme Teixeira, o irmão de Ricardo Teixeira, é o responsável por assinar pela empresa.

Há cerca de dez anos, o Congresso abriu duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) envolvendo as empresas em 13 crimes, entre eles lavagem de dinheiro. A CPI não teria conseguido descobrir de onde viria o dinheiro de enriquecimento de Ricardo Teixeira.

 

Torneio de magistrados

A organização do torneio é feita pela Associação dos Juízes Federais (Ajufe), que se defende em comunicado alegando a “licitude da parceria institucional entre a Ajufe e CBF para a realização de eventos, como Futebol Cidadão e Projeto João de Barro, é incontestável e idêntica à realizada entre a CBF e o próprio Conselho Nacional de Justiça”.

A Ajufe, ainda em nota oficial, diz que se for investigada pelo CNJ, estará à disposição para “aprofundar o debate sobre a matéria em nome da transparência e oficiará o Procurador Geral da Republica e o próprio Congresso Nacional para apurar o porquê de a Corregedoria Nacional de Justiça não investigar as próprias parcerias realizadas pelo CNJ com a CBF”. 

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