Não tem sido bom o ambiente de Paulo Henrique Ganso junto à diretoria do Santos na viagem ao Japão. Ao vender 10% de seus direitos econômicos para o fundo de investimentos DIS, o meia deixou os dirigentes em saia justa, pois a opção de compra foi oferecida anteriormente ao clube, que a recusou e vestiu imagem de desinteressado.
"Não houve interesse do Santos, por isso eu vendi ao DIS", disse o jogador, que ficou chateado porque o clube não quis comprar fatia maior de seus direitos, permanecendo com 45%, sendo todo o restante agora de propriedade do fundo, que pagou R$ 5 milhões pelos 10% a mais. "Não sei falar (o porquê disso), estou me perguntando até agora".
Ganso entende que tem recebido pouco valor no Santos. Ele tem vínculo com o clube até 28 de fevereiro de 2015, mas seu salário passa bem longe do que é pago ao atacante Neymar, maior estrela do elenco, por exemplo. O assunto seria tema de reunião em janeiro, quando o clube pretendia apresentar plano de carreira atualizado, como fez recentemente com Neymar.
Agora superado pelo DIS na divisão dos direitos do camisa 10, o Santos pode perder força em futuras decisões. Ainda que o contrato seja de longa duração, Ganso pode forçar a barra para sair no começo de 2012, algo que o fundo de investimentos veria com bons olhos.
O recado foi dado indiretamente neste sábado, em sua primeira entrevista em territótio japonês, depois de tê-la evitado desde quarta-feira. A outra mensagem foi a de que esse tumulto pelos direitos não vai prejudicar seu ambiente no grupo e consequentemente o rendimento dentro de campo durante o Mundial de Clubes. "Vamos trabalhar, correr mais e continuar com essa amizade que nós, jogadores, temos um com o outro", concluiu.
Entenda o caso
O fundo de investimentos DIS adquiriu os 10% dos direitos econômicos de Ganso que pertenciam ao próprio meia, chegou ao montante de 55% e assumiu a frente na divisão com o Santos, que permanece com o restante. O valor pago pelos investidores pertencentes ao Grupo Sonda foi de R$ 5 milhões.
A oferta de venda havia sido feita também ao clube, que demorou demais a dar resposta ao atleta e agora fica fragilizado no arrastado braço-de-ferro com o DIS. "Futebol é assim, quando um não quer, outro vem e busca", disse o camisa 10 alvinegro, ao falar pela primeira vez no Japão, justificando que o negócio lhe foi vantajoso. "Foi uma coisa muito boa para mim, fora do normal", completou.
O desinteresse do Santos, um mês antes da reunião que deveria definir aumento salarial a Ganso, pode ter sido o motivo de ele não ter atendido a imprensa desde que chegou ao Japão. Mas o jogador nega. "Só me preocupo em jogar futebol. Já mostrei muita coisa aqui, independentemente da renovação de contrato", comentou.
Apesar de o meia garantir "concentração em excesso" na disputa do Mundial de Clubes, a sensação é de que mais uma vez o clima ficou ruim entre ele e o clube. Em um momento impróprio, já que a equipe depende muito de seu desempenho para buscar o tricampeonato.
Gazeta Esportiva
