OAB-MA e CIMI divulgam relatório de visita feita em aldeias indígenas do município de Arame

OAB-MA e CIMI divulgam relatório de visita feita em aldeias indígenas do município de Arame

Entidades defensoras dos Direitos Humanos do estado realizaram na manhã desta sexta-feira (13) uma coletiva de imprensa na Sede da OAB-MA, onde foi apresentado o relatório da vistoria às aldeias indígenas do município de Arame, que estão com território ameaçado por madeireiras devido a existência de matérias-primas de lei. Outro ponto abordado no relatório foi a visita ao local onde teria ocorrido o suposto assassinato de uma criança indígena.

Participaram da coletiva os representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). A visita foi fruto de uma das estratégias de investigação definidas durante reunião que envolveu Ministério Público Federal, Polícia Federal, OAB e CIMI na última terça-feira (10).

Desde o início desta semana, denúncias e críticas ganharam notabilidade em redes sociais e blogs jornalísticos do estado, todos abordando sobre a suposta morte de uma criança indígena, da etnia Awá-Guajá, de apenas 8 anos. As denúncias afirmavam que o corpo da criança teria sido carbonizado por madeireiros, que no caso, são protagonistas de uma longa disputa por território.

Para agravar ainda mais a situação e suscitar dúvidas se realmente houve crime, a única testemunha que teria visto o corpo carbonizado, o índio Clovis Guajajaras, foi retaliado com o relatório divulgado pela FUNAI nesta quarta-feira (11). Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, Antônio Pedrosa, Clovis voltou atrás em seu testemunho porque ficou com medo. Ainda segundo Pedrosa, pelo tempo do suposto crime, fica difícil ter provas e evidencias que de fato atestem alguma violação de direitos contra os indígenas.

Contudo, outro problema foi diagnosticado durante a visita da OAB e da CIMI. De acordo com algumas filmagens feitas pela equipe da ordem, foi constatado que pelo menos quatro acampamentos dos Awás-Guajás foram destruídos por tratores. A área compreende cerca de 400 mil hectares da vegetação da reserva. Para o representante da Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, Igor Almeida, não é possível identificar se houve confronto entre os madeireiros e os índios, porém constatou-se um avanço significativo na destruição da localidade.

Em uma das gravações feitas pela equipe da OAB-MA, o índio Arnaldo Benedito Guajajra afirmou que a trilha aberta na mata foi feita sem a autorização dos indígenas. “Nós reunimos ao todo 12 aldeias e todos se mostraram contra a devastação do nosso território. Nós nos sentimos ameaçados com a presença dos madeireiros, não temos mais liberdade de andar em nosso próprio território”, disse. Ele comentou ainda que a principal atividade dos Awá-Guajá era a coleta de mel silvestre e a caça e que os mesmos fugiram por medo de serem mortos ou perseguidos.

Ao fim da coletiva, os representantes das entidades firmaram o compromisso de cobrar das autoridades competentes uma investigação e fiscalização mais pertinente dentro dos territórios indígenas em Arame.


 

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Da redação SuaCidade.com

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