Elas vêm de uma época em que as mulheres eram todas chamadas de “broto” e que um motor sobre duas rodas era um dos símbolos mais marcantes de rebeldia. Estamos falando das motocicletas. Inventadas no final do século XIX, popularizaram-se na década de 50 como opção barata de transporte para os jovens e hoje ganharam as ruas de todas as cidades brasileiras. Parte dessa história pode ser conferida na I Exposição de Motos Antigas, em cartaz no Rio Anil Shopping.
A mostra reúne cerca de 30 motocicletas, entre antigas e atuais, que foram customizadas pelos seus proprietários. As motos expostas integram dois grupos de motociclistas da capital maranhense: os Pássaros da Noite, aficcionados pelas motocicletas atuais, mais potentes, e os Tigres de Bengala, que preferem as mais antigas. “O grupo foi criado em 2010 e toda quinta-feira nos reunimos para passear pela cidade”, conta o administrador Helder da Silva Rodrigues, 55, integrante do Pássaros da Noite.
Raridades
Entre as motos expostas estão exemplares bem conservados das décadas de 40 e 50, com destaque para uma Harley Davidson de 1200 cilindradadas de 1947, com direito a sidecar. A moto pertenceu à Polícia Rodoviária Federal e foi arrematada num leilão na cidade de Recife, em 1980. Conservando todas as suas características originais, o veículo vira uma verdadeira aula de história sobre duas rodas.
“Naquela época, as motos eram feitas com uma mecânica bem mais simples, e consumiam rios de gasolina”, ri o professor Alberto Arcangeli, proprietário da raridade. Segundo ele, a Harley Davidson em questão faz de 4 a 6 km com um litro de gasolina – uma extravagância no cenário atual, em que alguns modelos chegam a rodar 30km com a mesma quantidade de combustível. “Mas na época em que ela foi feita, o petróleo era muito barato. Daí que não havia essa preocupação com consumo de combustível”, explica Arcangeli. Cada moto da sua coleção é um xodó particular, que ele mesmo cuida e restaura. O desafio atual é mandar vir da Itália peças originais para uma Guzzi 1950, que também integra a exposição.
Além de passeios de motocicleta pelas ruas de São Luís, a atividade dos motociclistas também tem caráter social, que começa pelo incentivo ao uso dos equipamentos de segurança e da prudência ao pilotar a moto. Em datas comemorativas, como o Natal, o grupo também semobiliza em ações de arrecadação de brinquedos e alimentos para insitituições de caridade. “Aquela rebeldia do piloto de moto ficou no passado. Hoje nós buscamos uma maneira de compensar o prazer que a moto nos dá, daí estarmos preocupados com esse tipo de ação”, explica Helder.