Comissão de Ética da Presidência quer esclarecimentos do ministro do Trabalho

Comissão de Ética da Presidência quer  esclarecimentos do ministro do Trabalho

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República determinou nesta segunda-feira (7) a abertura de uma investigação preliminar sobre o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, Lupi terá dez dias para apresentar esclarecimentos sobre denúncias de que assessores do ministério vinham cobrando propina de ONGs (organizações não governamentais) conveniadas com a pasta.

"Fala-se em recebimento de propina. É preciso primeiro colher as informações da autoridade e depois ver se nos caberá, ou a outra autoridade do sistema de ética, apurar as acusações feitas a outros servidores", disse Pertence.

No sábado (5), a revista Veja publicou uma reportagem sobre um suposto esquema de extorsão no Trabalho semelhante aos que também haveria nos ministérios do Turismo e do Esporte. Segundo a reportagem, assessores de Lupi, todos ligados ao PDT (partido que ele preside), são acusados de cobrar propina para liberar pagamentos a ONGs suspeitas de irregularidades.

Ainda de acordo com a revista, os assessores criavam entraves para conceder recursos dos convênios e teriam cobrado de 5% a 15% do valor dos contratos para resolver as pendências. No mesmo dia, Lupi divulgou uma nota anunciando a demissão do assessor especial Anderson Alexandre dos Santos, citado na reportagem, e a abertura de investigação interna para apurar o caso.

As denúncias, no entanto, não foram bem digeridas dentro do governo. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou hoje que o governo já vinha alertando Lupi sobre as irregularidades em convênios.

"A gente fez um alerta geral de que era preciso cuidado, porque não era possível continuar com essa política de convênios. Ele assegurou que o que precisava ter sido feito foi feito", observou.

Reunião de líderes

Diante do clima negativo, Lupi foi hoje ao Palácio do Planalto participar da reunião entre a presidente Dilma Rousseff e os líderes partidários da base aliada. Segundo assessores da Presidência, a intenção de Lupi era mostrar a Dilma que vem trabalhando para solucionar o problema.

Após o fim da reunião, a ministra Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, fez um relato da conversa entre a presidente e os líderes. Ela afirmou que Lupi não chegou a se manifestar durante o encontro, mas evitou apoiar ou criticar o colega ministro. Salvatti comentou que é da obrigação de todos prestar esclarecimentos sobre mais este suposto escândalo. "Temos de tomar providências no sentido de ter uma fiscalização mais eficiente, como a própria presidente anunciou recentemente ao fazer um pente fino nas ONGs. Enquanto isso, vamos tocar o país".

PDT

Brasília também foi tomada nesta segunda-feira pelo boato de que Lupi convocaria uma entrevista coletiva para se defender das denúncias. Essa possibilidade, no entanto, foi negada pela assessoria do ministério, que divulgou uma declaração de Lupi. Segundo a mesma, a denúncia é estranha por ser considerada vazia e sem autor. É salientado ainda a respeito das duas instituições que dizem ter sofrido a extorsão não receberam dinheiro, não foi repassado [recurso]. "Se houver alguém que tenha feito [algum ato de corrupção] em nome pessoal, tem que ser punido. Corrupto e corruptor", concluiu.

No Congresso, cresce a insatisfação de deputados com a sucessão de denúncias. Diante disso, o próprio Lupi decidiu convocar para esta terça-feira (8) a bancada do PDT na Câmara para prestar esclarecimentos. A intenção é que eles sirvam de escudo para o ministro no caso de novas denúncias. O encontro está marcado para o meio-dia.

 

R7 

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