Cinema: morre o maestro e compositor Ennio Morricone

Cinema: morre o maestro e compositor Ennio Morricone
Foto: Ennio Morricone/Facebook.

Morreu nesta segunda-feira (6) o maestro e compositor italiano Ennio Morricone. O músico ficou conhecido pelos trabalhos em filmes clássicos de velho-oeste ou que abordavam a máfia, com as composições de longas como Três Homens em Conflito e Os Intocáveis, alguns de seus trabalhos mais conhecidos, e que não apenas entraram para a história do cinema, mas também ganharam seu lugar na cultura pop.

Na ativa desde os anos 1960, Morricone tem mais de 500 créditos de trilha sonora em seu nome, tendo participado desde filmes pequenos em seu país natal até grandes produções de Hollywood. Brian de Palma, John Carpenter, Bernardo Bertolucci e Quantin Tarantino, por exemplo, estão entre os diretores cujos filmes ganharam músicas pelas mãos do maestro. Ele também trabalhou de maneira muito próxima com Sergio Leone, um dos grandes diretores dos western spaghetti, subgênero de filmes de bangue-bangue dirigidos por italianos.

A notícia do falecimento do compositor foi dada pelo seu advogado, Giorgio Assumma. Morricone morreu na manhã desta segunda em um hospital de Roma, capital da Itália, após complicações oriundas de um acidente doméstico ocorrido na última semana e no qual ele quebrou uma das pernas e sofreu fraturas no fêmur.

Trabalho reconhecido

Por seu trabalho de décadas, Morricone recebeu, em 2007 e das mãos de Clint Eastwood, um Oscar pelo conjunto de sua obra, enquanto continuava trabalhando em diversos filmes anualmente, desde curtas até grandes produções. Um de seus mais recentes e maiores trabalhos foi Os Oito Odiados, de Tarantino, justamente uma ode do diretor ao mundo dos filmes de Velho Oeste que foram embalados por suas músicas. Pela produção, ele ganharia o prêmio da Academia de melhor trilha sonora, em 2016, o primeiro a receber em uma categoria competitiva do prêmio.

Mais do que as músicas, porém, Morricone também chamou a atenção pela criação de sons originais e atmosféricos que passavam a sensação do Velho Oeste, fruto de um trabalho ao lado de diretores que utilizavam muitos closes nos atores e combates tensos, sem grandes cenas de ação movimentadas como as que vemos no cinema de hoje. As composições eram parte integrante de tais momentos e, muitas vezes, substituíam completamente os diálogos dos atores e se tornavam personagens por si só.

Tanto que tais músicas, como dito, deixaram as telas dos cinemas para se tornarem elementos únicos. A banda Metallica, por exemplo, utilizou por anos a canção "The Ecstasy of Gold" como abertura em seus shows ao redor do mundo, assim como os Ramones, que encerravam as apresentações com a faixa. Até hoje, a banda britânica Muse utiliza um trecho de "Man With a Harmonica" antes da música "Knights of Cydonia", que costuma marcar o ato final de suas apresentações. Ambas fazem parte de um de seus filmes mais célebres, Três Homens em Conflito.

Entretanto, para Morricone, essa era uma das piores trilhas já compostas por ele. Por anos, ele agradeceu a consagração de composições feitas para o longa ao mesmo tempo em que afirmavam não saber exatamente porque isso acontecia, já que não apenas as músicas não representavam seu melhor, como também o próprio filme não era, na visão do maestro, o maior trabalho de Leone.

Ennio Morricone era casado com Maria Travia desde 1956, e chegou a trabalhar ao lado dela em algumas de suas composições. Ele deixa quatro filhos, sendo dois envolvidos na indústria do cinema: Andrea Morricone segue os passos do pai como compositora, enquanto Giovanni Morricone é diretor.

Fonte: Canaltech.

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