Um dos crimes mais proeminentes da história brasileira contemporânea, o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthoffen será revivido em não apenas um, mas dois filmes produzidos pela Telefilms. A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou os Meus Pais buscarão retratar as diferentes perspectivas do emblemático caso, sob a ótica de Suzane (filha do casal assassinado e que planejou tudo) e Daniel Cravinhos, seu então namorado e executor do crime.
Os filmes ganharam o seu primeiro trailer, mostrando o elenco escolhido para viver os personagens-chave das produções: Carla Diaz e Leonardo Bittencourt representarão, respectivamente, Suzane e Daniel. Além deles, Leonardo Medeiros viverá Mandred, Vera Zimmermann será Marísia, Debora Duboc será Nadja Cravinhos (mãe de Daniel), Augusto Madeira viverá Astrogildo Cravinhos (pai de Daniel), Allan Souza Lima dará vida a Cristian (irmão de Daniel e coexecutor do crime) e, finalmente, Kauan Ceglio será Andreas von Richthoffen (irmão mais novo de Suzane). A direção é assinada por Maurício Eça.
Assista abaixo:
O trailer traz um tom bastante soturno e pesado, levado pela trilha sonora de Love Will Tear Us Apart (na tradução literal: “O amor vai nos despedaçar”) da Joy Division, banda inglesa dos anos 1970 — aqui interpretada por Manu Pinto. No vídeo divulgado, há cenas de ambos os longa-metragens e as duas produções são baseadas em conflitos posicionados por Suzanne e Daniel, que alimentaram inconsistências em seus depoimentos após o crime ocorrido. A ideia é expor essas diferenças ao público. Em ambos os casos, porém, a história deve começar com o primeiro encontro do então casal, em 1999.
O CRIME
Em 2002, o casal Manfred e Marísia von Rochthoffen foram assassinados a pauladas em sua residência — uma mansão na região do Brooklin, zona sul de São Paulo. No dia 31 de outubro daquele ano, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos mataram o casal e reviraram a casa, no intuito de simular um latrocínio — nome atribuído ao roubo seguido de morte da vítima.
A subsequente investigação, porém, descobriu que o caso era bem mais do que aquilo que o roubo tentava simular: os irmãos Cravinhos estavam de conluio com Suzane, filha do casal de vítimas. Ela havia planejado o assassinato dos próprios pais junto de Daniel, seu então namorado, uma vez que nenhuma das famílias aprovava seu relacionamento. Foi a própria Suzane, segundo a perícia afirmou tempos depois, quem havia aberto a porta da mansão e permitido a entrada dos irmãos.
Enquanto os irmãos Cravinhos seriam responsáveis pela execução o crime, Suzane ficou incumbida de tirar seu irmão caçula Andreas, na ocasião com 15 anos, da casa. Ela o levou a um cyber café, mas depois juntou-se aos Cravinhos para abrir a mansão. Dias antes, porém, ela já havia desligado alarmes e câmeras de vigilância para que nenhuma imagem os registrasse chegando ou saindo do local.
O objetivo era o de assegurar a herança do casal assassinado, a ser dividida em três partes iguais para Suzane, Daniel e Cristian. Horas mais tarde, Suzane “voltou” à mansão para continuar o engodo, se fazendo desesperada por “descobrir” os pais mortos. Dias depois do assassinato, porém, Cristian Cravinhos comprou uma moto nova, supostamente pagando-a à vista, o que fez a polícia suspeitar e prendê-lo preventivamente. Interrogatórios subsequentes fizeram com que Suzane e os irmãos confessassem o crime.
Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos de reclusão e seis meses de detenção. Já Cristian foi condenado a 38 anos de reclusão mais seis meses de detenção. Cristian havia conseguido liberdade em 2018, mas foi novamente preso ao se envolver em briga de bar, voltando à prisão com nova condenação (4 anos). Daniel hoje cumpre a pena em liberdade e está casado com a filha de uma agente penitenciária. Suzane von Richthoffen conseguiu a progressão do regime fechado para o cumprimento da pena em caráter semi-aberto em outubro de 2015, treze anos após o crime.
A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais têm estreia marcada para 2 de abril, nos cinemas. É importante ressaltar, porém, que ao contrário do que afirmam alguns blogs da internet brasileira, nem Suzane nem os irmãos Cravinhos estão recebendo qualquer dinheiro ou participaram de qualquer forma para ter sua história retratada nas telonas.
Fonte: Canaltech; Observatório do Cinema.