O Brasil é um dos 30 países onde um em cada três jovens diz ter sido vítima de bullying online.
Um quinto dos participantes na pesquisa feita a adolescentes e jovens pelas redes sociais relatou ter deixado a escola devido ao cyberbullying e à violência.
Violência
O chamado U Report foi divulgado esta quarta-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e pela representante especial do secretário-geral sobre Violência contra Crianças.
Cerca de três quartos dos jovens disseram que plataformas incluindo Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter são as mais comuns para o bullying online. De forma anônima, os participantes estiveram envolvidos na ferramenta U-Report.
Para a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, salas de aula conectadas significam que “a escola não mais termina quando o aluno sai da aula e, infelizmente, também não acaba o bullying no pátio da escola.”
Para a chefe da agência, melhorar a experiência educacional dos jovens significa que haja prestação de contas sobre o ambiente que eles se encontram on-line e off-line.
Experiências
As perguntas da pesquisa estavam relacionadas às experiências de bullying e da violência on-line, onde estes atos acontecem com mais frequência e quem seriam os responsáveis por acabar com as práticas. Os jovens foram questionados via SMS e mensagens instantâneas.
Cerca de 32% dos entrevistados disseram acreditar que os governos devem ser os responsáveis pelo fim do cyberbullying, 31% apontaram que são os jovens enquanto 29% mencionaram as empresas de internet.
Para a representante especial sobre Violência contra as Crianças, uma das principais mensagens claramente observada sobre as opiniões é a necessidade de envolvimento e parceria de crianças e jovens.
Najat Maalla Mjid lembrou que quando os participantes foram perguntados sobre quem deveria ser o responsável pelo fim do cyberbullying, as opiniões também estavam divididas entre governos, provedores de serviços de internet no setor privado e os próprios jovens.
Cyberbullying
A representante disse que nessa questão há consenso quanto à responsabilidade em parceria que deve ser compartilhada.
Os cerca de 170 mil participantes no estudo tinham idades entre 13 a 24 anos*. A pesquisa destaca que os resultados desafiam a noção de que o cyberbullying entre colegas de turma é uma questão exclusivamente de pessoas de alta renda.
Por exemplo, 34% dos entrevistados na África Subsaariana disseram ter sido vítimas de intimidação online. Cerca de 39% declararam conhecer grupos online privados na comunidade escolar, onde as crianças compartilham informações sobre colegas com o objetivo de intimidar.
O Unicef envolve na campanha #ENDviolence crianças e jovens que dentro e fora das escolas escreveram o manifesto em 2018. Elas pediram aos governos, professores, pais e outros que ajudem a acabar com a violência. A outra meta é garantir que os alunos se sintam seguros na escola, incluindo on-line.
Educação
Fore disse que os participantes do estudo vindos de países de alta e baixa rendas dizem que são intimidados on-line, e que isso afeta sua educação.
Por ocasião do 30º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, Fore declarou que deve ser garantido que os direitos da criança estejam na vanguarda das políticas de segurança e proteção digital.
O Unicef atua com parceiros no seu apelo a ações urgentes de todos os setores em prol do fim da intimidação, com a implementação de políticas para proteger crianças as e os jovens do cyberbullying e bullying.
A agência quer que sejam criadas e equipadas linhas de apoio para crianças e jovens nos países.
O Unicef defende ainda que haja avanços em áreas como coleta, informação, gerenciamento de dados e recolha de evidências sobre o comportamento on-line deste grupo para que conheçam as políticas e orientações.
Com ONU News.
Foto: ITU/A.Mhadhbi.