A América Latina e o Caribe estão perdendo uma média de 10 mulheres por dia para crimes de feminicídio.
A constatação é de um estudo do Observatório de Igualdade de Gênero da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, Cepal.
Taxas
O levantamento, divulgado nesta segunda-feira pela Cepal, revela que 3.529 mulheres foram assassinadas no ano passado por razões de gênero.
O Brasil registrou 1.206 casos de feminicídio. Mas em taxas proporcionais, baseadas no tamanho da população, El Salvador, Honduras a Bolívia foram os países com o maior número de crimes desta natureza.
Em El Salvador morrem 6.8 mulheres para cada 100 mil habitantes. Em Honduras, 5.1. Na Bolívia: 2.3, um pouco a mais que Guatemala com 2.0 e República Dominicana com 1.9.
O Brasil aparece no meio da tabela. Com 1.1 feminicídio para cada 100 mil habitantes. O país menos violento é o Peru com 0.8.
No Caribe, as taxas mais altas encontram-se em Guiana e Santa Lúcia, onde mais de quatro mulheres morrem somente pelo fato de serem mulheres.
Estes dados começaram a ser compilados pela Cepal em 2009, quando apenas quatro países tinham legislação específica sobre este crime. Seis anos depois, em 2015, a organização diz que a maioria dos países já tinha reformado os seus códigos penais para tipificar o feminicídio.
Direitos
Em nota, a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, disse que estes números “mostram a profundidade de padrões culturais patriarcais, discriminatórios e violentos.”
Segundo ela, “milhões de mulheres saíram às ruas para reivindicar e exigir algo tão fundamental, mas tão violado, como o direito de viverem livres de violência.”
Registro
Nesse momento, a Cepal está promovendo a construção de um Sistema de Registro de Feminicídio. O recurso deverá melhorar a qualidade da informação recolhida, ajudar a compreender o fenómeno e fazer comparações entre países.
Segundo a Cepal, este levantamento “é essencial para desenvolver, implementar e monitorar políticas que protejam vítimas de violência de gênero, previnam feminicídio e julguem os culpados.”
Spotlight
Esta segunda-feira, 25 de novembro, marca o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e o começo dos 16 dias de ativismo sobre o mesmo tema, que terminam em 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.
Segundo as Nações Unidas, a maioria dos atos de violência física ou sexual são cometidos por um parceiro. Metade das mulheres mortas em todo o mundo foram assassinadas pessoas bem próximas ou familiares. Em comparação, apenas um em cada 20 homens foi morto nas mesmas circunstâncias.
As Nações Unidas, em parceria com a União Europeia, lançaram em 2017 a Iniciativa Spotlight com o objetivo de eliminar a violência contra mulheres e meninas até 2030.
Com ONU News.