Duas pesquisas estão mapeando como a pandemia tem afetado os hábitos da população brasileira. Com abordagem e métodos diferentes — que são importantes para que as análises sobre determinado tema possam ser observadas com complexidade e de formas complementares — ambas buscam investigar o impacto do isolamento social e das mudanças em decorrência da crise sanitária no comportamento dos brasileiros. Para, com isso, monitorar e propor ações de prevenção e de promoção à saúde.
A ConVid-Pesquisa de Comportamentos usa o procedimento de “amostragem em cadeia” para convidar pessoas de diferentes idades, escolaridades e níveis sócio econômicos a preencherem um questionário online. Seu objetivo é descrever as mudanças nos estilos de vida, nas atividades de rotina, na situação de trabalho e nos cuidados à saúde, avaliando o estado de ânimo dos brasileiros no período de isolamento social. Está sendo realizada pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas.
“Os resultados deste estudo poderão contribuir para uma melhor compreensão do impacto da quarentena sobre a saúde dos brasileiros. Assim, pode orientar ações públicas que minimizem os efeitos adversos provocados pelo isolamento social prolongado”, define a pesquisadora Celia Landmann Szwarcwald, do Icict/Fiocruz, coordenadora do trabalho.
Já a pesquisa Hábitos saudáveis e estilo de vida durante a pandemia do Covid-19: uma websurvey para a população brasileira (Estilo de Vida e Covid-19) está sendo divulgada por meio de redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp, e seu preenchimento também é online. Utilizando um questionário multidimensional para avaliar estilo de vida e saúde, tem como um dos objetivos subsidiar soluções inovadoras, utilizando mobile health e big data, para propor estratégias de enfrentamento de crises em tempo real, principalmente nas áreas de Psiquiatria e Saúde Mental. Liderada no Brasil também pelo Icict, da Fiocruz, a pesquisa é feita em colaboração com pesquisadores da Universidade de Valencia (Espanha), da McMaster (Canadá) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fatores de risco
Ambas as pesquisas surgem em um vácuo científico: a necessidade de descrever o estilo de vida de populações em situações de isolamento social, e seu possível efeito negativo para a saúde. É o que destaca a pesquisadora Raquel De Boni, coordenadora da pesquisa Estilo de Vida e Covid-19.
“Como o isolamento pode influenciar hábitos não saudáveis, que representam fatores de risco tanto para doenças cardiovasculares, quanto para transtornos mentais comuns, como depressão e ansiedade?”, pergunta a cientista. “A exposição a situações de crise, como epidemias, tem sido associada a mudanças significativas nos comportamentos de saúde. Na pandemia de Covid-19, já observamos o aumento de problemas como depressão e ansiedade entre profissionais de saúde. A frequência desses problemas pode aumentar ainda mais e precisamos estar preparados”.
Qualquer brasileiro com mais de 18 anos pode responder às duas pesquisas. “Convidamos pessoas de todos os estados e de diferentes grupos de idade e estratos sociais para divulgar a pesquisa e compor a rede ConVid e alcançar a maior abrangência possível da população brasileira”, ressalta Celia Landmann, sobre o estudo Convid.
O link com o questionário da pesquisa Estilo de Vida e Covid-19 estará disponível por 30 dias, ou seja, até 20 de maio. À medida que os internautas respondem ao questionário, recebem orientações para manter a saúde física e mental durante e após a crise, de acordo com recomendações estabelecidas por instituições de saúde nacionais e internacionais.
Responda à pesquisa Estilo de Vida e Covid-19.
Fonte: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).