A CPI da Pandemia aprovou a reconvocação do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do ex-ministro Eduardo Pazuello. Os parlamentares querem esclarecer contradições e fatos que ainda não foram completamente elucidados.
Quando o Ministério da Saúde tomou conhecimento do colapso de oxigênio em Manaus? Havia de fato um “assessoramento paralelo” na orientação do presidente Jair Bolsonaro? O governo federal escolheu investir no uso da cloroquina no lugar de outras medidas de contenção do vírus? Por que até hoje apenas 10% da população brasileira foi totalmente imunizada contra o coronavírus? Essas são perguntas para as quais a comissão ainda espera respostas.
Para o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a reconvocação de Pazuello também tem um “efeito pedagógico”. Ele lembrou que, três dias após prestar depoimento à CPI da Pandemia e defender o uso de máscaras, o ex-ministro participou de um ato político promovido pelo presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro.
— É para dizer para esse maluco que pare, que não continue a delinquir e a aglomerar pessoas, porque isso tem acontecido em detrimento da morte de milhares de brasileiros. Isso não pode continuar a acontecer. É um desrespeito à CPI, ao país e às mais de 450 mil vítimas o presidente da República continuar a aglomerar as pessoas, enquanto as UTIs se enchem cada vez mais — afirmou.
O senador Marcos Rogério (DEM-RO) não se opôs à reconvocação de Queiroga e Pazuello. Mas, para ele, a comissão está “contaminada pelo vírus do prejulgamento”. O parlamentar admite a possibilidade de a base do governo apresentar um voto em separado ao relatório do senador Renan Calheiros.
— O trabalho da CPI deve se concentrar na busca dos fatos, dos dados, das informações, das provas, das evidências. Embora a CPI esteja contaminada pelo vírus do prejulgamento e da politicagem, terá que se produzir um relatório ao final. Nós vamos ter que votar, aprovando esse voto ou um voto em separado. Ainda tem um longo caminho pela frente — disse.
Os depoimentos de Queiroga e Pazuello ainda não têm data marcada. Mas até o dia 17 de junho, a CPI deve ouvir outras 13 testemunhas para aprofundar temas explorados na primeira fase da investigação:
• Nise Yamaguchi, médica oncologista;
• Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia;
• Zeliete Zambom, presidente da Sociedade Brasileira Medicina de Família;
• Átila Iamarino, biólogo e pesquisador;
• Élcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde;
• Nísia Trindade, presidente da Fiocruz;
• Fernando de Castro, presidente da União Química;
• Cláudio Maierovich, ex-presidente Anvisa;
• Nathália Pasternak, pesquisadora da Universidade de São Paulo;
• Marcellus Campelo, secretário de Saúde do Amazonas;
• Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS);
• José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde; e
• Carlos Wizard, apontado como financiador do “assessoramento paralelo”.
Fonte: Agência Senado