Em artigo, a psicóloga da ONU Brasil Alessandra Faustino falou sobre os desafios de se gerir o estresse em um momento de distanciamento social e trabalho remoto por conta da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Este é um momento desafiante, pois o distanciamento social requer uma mudança ampla no nosso modo de vida”, disse.
“Todos compartilhamos esta experiência, porém, há várias medidas que podem ser adotadas para reduzir seu estresse e manter a calma.” Leia o artigo completo.
Os desafios do distanciamento social
Se você está em isolamento ou em quarentena, ou ainda se têm passado muito tempo sem sair de sua casa, é provável que esteja se sentindo ansiosa(o), frustrada(o), preocupada(o), com medo, irritável.
Este é um momento desafiante, pois o distanciamento social requer uma mudança ampla no nosso modo de vida.
No entanto, lembre-se que o isolamento e a quarentena visam tanto sua saúde, quanto a saúde das outras pessoas. Ainda que você não manifeste sintomas ou que apresente sintomas leves, se há qualquer risco de transmissão, este deve ser evitado, e você deve ficar em casa.
A situação de isolamento é estressante: é necessário mudar seus comportamentos, há restrições de vários níveis em sua vida social, sua rotina é alterada, você pode se ver confrontado a uma estigmatização por parte das pessoas, pode haver prejuízos financeiros, apenas para citar alguns aspectos que podem causar ansiedade.
Todos compartilhamos esta experiência, porém, há várias medidas que podem ser adotadas para reduzir seu estresse e manter a calma.
Esteja preparado
É muito provável que você nunca tenha tido que passar por um isolamento ou quarentena antes, então, talvez você não tenha tido a possibilidade ou o tempo de se preparar.
Lance mão dos recursos que estejam disponíveis a você: compras por Internet, entrega de comidas e medicamentos, coleta de exames em domicílio etc.
Crie um plano pessoal ou familiar que te ajude a se sentir com algum controle sobre a situação. Tenha à mão números de emergência, de pessoas de contato e informações úteis para o caso de uma emergência.
Estabeleça uma rotina
Procure manter uma rotina diária para você e as pessoas que te acompanham: acordar no mesmo horário, vestir-se e começar seu trabalho ou suas atividades.
Estabeleça um lugar da casa que se tornará seu local de trabalho. Faça pausas, como normalmente faz no trabalho, seja para um café, para o almoço ou simplesmente para esticar as pernas.
Siga um horário de trabalho/ atividade, mesmo que seja diferente do seu habitual, e desconecte-se ao final do período.
Divirta-se!
Para evitar o tédio e reduzir a ansiedade, também é muito importante que você planeje atividades de lazer e de higiene mental.
Invista num projeto pessoal/familiar que seja prazeroso e factível, mas que seja desafiante o suficiente para que te motive.
Estabeleça uma meta e um cronograma e o siga. Há muitos recursos disponíveis na Internet: visitas virtuais a museus, concertos, filmes. Aprenda algo novo ou ensine o que sabe a alguém através da internet. Seja criativa(o)!
Atenção com crianças e adolescentes
Se você tem crianças ou adolescentes em casa, há preocupações adicionais com a rotina diária, mantê-los ocupados, cuidar de sua saúde e da deles, entre outras preocupações.
No entanto, este pode ser o momento ideal para estar juntos como família. Você encontrará listas de atividades e jogos na Internet, então utilize a tecnologia a seu favor. O mais importante é reduzir seus níveis de estresse.
Cuide da saúde
Mantenha uma alimentação saudável e a prática de uma atividade física regular. O importante é manter-se ativo(a).
Se precisar, peça ajuda
Ter sentimentos de desespero, tristeza, raiva, frustração, fadiga, tédio, é natural. Utilize todos os recursos que ajudem a superar esses sentimentos.
Práticas como meditação, relaxamento, tocar um instrumento, ou outras com as quais você se sinta confortável, têm efeitos comprovados sobre o bem-estar e a redução dos níveis de estresse.
Há aplicativos na Internet que podem ajudar com essas práticas, faça uma busca e encontre um que possa ajudar a superar esses momentos, mas se a situação é mais grave ou sobrepassa sua capacidade de lidar com as dificuldades, procure apoio profissional.
O que levar em conta ao escolher um aplicativo:
Procure aplicativos desenvolvidos por universidades, hospitais ou grupos de pesquisa com a preocupação de proteção de dados dos usuários e eficácia clínica.
Verifique se há uma utilização ética dos dados dos usuários, particularmente se é gratuito. Há muitos no mercado que são pagos ou foram desenvolvidos com outros objetivos, então pesquise antes de utilizar.
Mantenha contato
O isolamento social é um dos aspectos mais desafiadores da quarentena. Procure comunicar-se regularmente com pessoas que fazem você se sentir bem através dos vários aplicativos de conversa disponíveis na Internet.
Informação
Mantenha-se bem informado, mas, cuidado, excesso de informação pode contribuir para o desânimo. Evite seguir as notícias continuamente. Escolha um horário do dia para ver os noticiários e siga apenas fontes confiáveis de informação.
Não compartilhe aquilo que você mesmo(a) não tenha verificado que é verdadeiro. Não propague “fake news”, mesmo que venha de uma pessoa em que você confie e não sobrecarregue as pessoas com mensagens desnecessárias.
Expresse sua preocupação com as pessoas de outra maneira que não seja passar adiante grande parte do que você recebe.
O site da ONU Brasil e nossas redes sociais só publicam informações confiáveis. Siga nossos perfis e ajude a divulgar!
Espiritualidade
Se você segue alguma prática religiosa ou espiritual que lhe dá conforto e paz de espírito, mantenha-a ativa.
Solidariedade
Ajudar os outros é outra forma de melhorar seu bem-estar psicossocial e reduzir seu estresse. A solidariedade melhora o bem-estar psicológico das pessoas.
O que evitar?
Evite o abuso de álcool e drogas. Isso pode piorar a sua situação. Evite isolar-se. O contato social tem efeitos protetores sobre a saúde mental.
Guardar um problema para si esperando que desapareça por si mesmo é prejudicial. Compartilhe e procure ajuda se precisar.
Discriminar ou estigmatizar as pessoas por causa de sua origem, trabalho, diagnóstico ou qualquer outro fator não lhe protegerá da doença, nem melhorará sua saúde.
Não seguir as instruções, recomendações e determinações das autoridades de saúde pública coloca em risco tanto a sua saúde quanto a da coletividade, portanto, fique em casa se puder e siga estritamente os procedimentos.
Negar a situação pode trazer consequências sérias para você, as pessoas próximas, colegas e até pessoas que você sequer conhece.
Lembre-se de que muitas pessoas estão na mesma situação. Reconhecer seus limites e respeitá-los é benéfico para você e para a comunidade.
Trabalhadores essenciais – O que é preciso ter em mente?
Para os trabalhadores na linha de frente da resposta à pandemia, é preciso um cuidado especial.
Longas horas, rotinas pesadas, sobrecarga de trabalho, distância e preocupação com pessoas próximas ou familiares, ruptura da rotina pessoal e do ciclo de descanso, criticalidade do trabalho, medo de se infectar ou de infectar outros são aspectos que têm que ser monitorados e manejados nas equipes de trabalho pelos supervisores e pela própria pessoa.
A auto-observação é muito importante para prevenir que se ultrapasse o limite pessoal e evitar a exposição a riscos desnecessários.
O recurso mais importante e valioso de qualquer organização são suas funcionárias e funcionários e sem eles não haveria resposta à crise da COVID-19. Dedique a você própria(o) o mesmo cuidado e atenção que dedicaria a uma pessoa querida.
Procure manter uma rotina, alimentar-se de maneira saudável e guardar o tempo necessário de descanso e recuperação sempre que possível.
Se você não estiver bem, não desempenhará bem suas funções e sua eficiência diminuirá, então respeite a si mesma(o).
Fonte: ONU Brasil.