Depois de ser o epicentro do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e acumular grande número de infectados e mortos, a China vem conseguindo conter com sucesso o avanço da COVID-19, mas ainda está com alerto ligado, devido a um número baixo, mas ainda perigoso, de infecções “importadas”. Nas últimas duas semanas, órgãos reguladores pressionaram os planos de reabrir gradualmente os cinemas do país e mais de 600 salas receberam luz verde para voltarem ao funcionamento normal. Mas, nesta sexta-feira (27), essa decisão foi revogada.
O Film Bureau de Pequim divulgou um aviso ordenando que todos fechassem suas portas novamente. Nenhuma explicação oficial foi emitida, contudo, especialistas do setor começaram a especular que a medida deva estar atrelada a uma possível segunda onda de contaminações pelo novo coronavírus. O comunicado, pegou de surpresa a prefeitura de Xangai, nesta quinta-feira (26) havia comemorado a permissão para retomar os negócios a partir de sábado (28).
No início da semana, o China Film Group, maior distribuidor do país e que possui aval do governo federal, divulgou um plano para permitir às redes relançar sucessos de bilheteria para que o setor possa se recuperar do recente baque. Entre os principais títulos que voltariam às salas estavam as produções chinesas Wolf Warrior 2 e Terra à Deriva e hits norte-americanos, a exemplo da franquia completa dos Vingadores e do vencedor de Melhor Filme Oscar de 2019, Green Book: O Guia.
Produtoras e distribuidores estão preocupados
A reabertura em fases da vasta rede de 70 mil cinemas na China prometeu um raro ponto positivo no mapa de distribuição global neste momento, já que salas estão fechados em praticamente todos os principais mercados do mundo, incluindo América do Norte, Europa, Japão e outros lugares. Mas, a decisão de Pequim de reabrir as portas, e logo depois dizer que vão baixá-las novamente, deixou os empresários do setor ainda mais em dúvida sobre o futuro de seus negócios.
"Esse segundo fechamento não será algo resolvido em uma ou duas semanas. Eles (autoridades do governo) serão ainda mais cautelosos quando tentarem reabrir novamente — e isso nos atrasará por muito tempo", lamentou um executivo de uma grande cadeia de exibição, que preferiu manter seu nome no anonimato.
Outra coisa que frustra o setor no país é o fato dos reguladores estarem impedindo que produtoras e distribuidoras vendam seus filmes para plataformas de streaming locais, alegando que isso trará um impacto negativo na eventual reabertura das salas. "Não temos permissão para entrar no mercado online com nossos filmes e não podemos levá-los aos cinemas porque eles estão novamente fechados, então, é como se não houvesse saída", disse outro executivo de uma das principais empresas de distribuição do país. "Eles precisam apresentar uma nova política e liberar alguns de nossos filmes online; caso contrário, muitas de nossas empresas fecharão”, destacou.
Isso tudo é reflexo de uma nova tomada de ações para conter uma segunda onda do novo coronavírus no país, depois que o número de transmissões voltaram a subir. Na quinta, a China cancelou a maioria dos voos e proibiu a entrada de estrangeiros, mesmo com permissão de trabalho. O impacto no mercado já é visível. As ações da IMAX, presente em mais de 700 salas no país, o que representa metade de sua rede global, caíram US$ 1,11 (R$ 5,64), ou quase 11%, e foram negociadas a US$ 9,14 (R$ 46,47) na manhã desta sexta.
Fonte: Canaltech; Hollywood Reporter.