Covid-19, gafanhotos e outros desafios ameaçam produção de alimentos

Covid-19, gafanhotos do deserto e outros desafios ameaçam produção de alimentos
Foto: Onu News.

A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus está causando “incertezas sem precedentes” nas cadeias de fornecimento de alimentos. A conclusão é de um relatório, divulgado nesta quinta-feira, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Ocde, e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO.

O Panorama Agrícola 2020-2029 revela que os impactos econômicos e sociais estão interrompendo as previsões de médio prazo, que eram positivas, antes da crise.

África Oriental e Ásia

Além da pandemia de Covid-19, existem outros desafios como a invasão de gafanhotos do deserto na África Oriental e Ásia, a peste suína africana, eventos climáticos extremos e tensões comerciais entre grandes atores comerciais.

Nos próximos 10 anos, o crescimento da oferta ultrapassará o aumento da demanda, fazendo com que os preços reais da maioria das commodities permaneçam nos níveis atuais ou abaixo. 

Ao mesmo tempo, uma diminuição da renda disponível em países e famílias de baixa renda deve reduzir a demanda nos próximos anos e prejudicar ainda mais a segurança alimentar. 

O crescimento da população global continua sendo o principal fator de crescimento da demanda. Prevê-se que a disponibilidade média de alimentos per capita atinja cerca de 3 mil kcal e 85 g de proteína por dia até 2029.

Tecnologia

Segundo a pesquisa, investimentos em tecnologia e melhores práticas de cultivo devem ser responsáveis por 85% do crescimento da produção. A realização de várias colheitas por ano será responsável por outros 10%. Expansão das terras agrícolas equivalerão a 5% do crescimento. 
Em 2024, a aquicultura deverá ultrapassar a pesca tradicional como a fonte mais importante do fornecimento de peixe no mundo. No mesmo período, a produção mundial de gado deve crescer 14%.  
Mudanças 
O consumo de produtos de origem animal deve continuar crescendo, reduzindo a variedade de alimentos consumidos para todos os grupos, independentemente da sua renda. 

Ao mesmo tempo, preocupações ambientais e de saúde nos países de alta renda devem acelerar uma transição da proteína animal para fontes alternativas. 

A pesquisa destaca ainda a importância de mercados internacionais abertos e transparentes para a segurança alimentar, especialmente em países onde as importações têm uma grande importância.

Segurança alimentar

Em comunicado, o secretário-geral da Ocde, Angel Gurría, disse que "o sistema de comércio internacional pode ajudar a garantir a segurança alimentar global e a prosperidade dos produtores." Segundo ele, "a experiência mostra que restrições comerciais não ajudam." 

Já o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, falou da necessidade de "melhores políticas, mais inovação, maiores investimentos e maior inclusão." 

A pesquisa também destaca a necessidade de manter o investimento na construção de sistemas alimentares produtivos, resilientes e sustentáveis. 

Se as políticas e tecnologias não mudarem, as emissões de gases de efeito estufa devem crescer 0,5% ao ano. A pecuária será responsável por 80% desse aumento. Sem esforços adicionais, o setor deve ficar aquém dos objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris de combate à mudança climática.

Fonte: ONU News.

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