O mundo tem um déficit de 5,9 milhões de enfermeiros, com as maiores lacunas nos países da África, sudeste da Ásia, na região leste do Mediterrâneo e algumas partes da América Latina.
Esta é uma das grandes conclusões de um relatório publicado esta segunda-feira pela Organização Mundial da Saúde, OMS, em parceria com o Conselho Internacional de Enfermeiros e a Enfermagem Agora.
Déficit
Também existem grandes diferenças entre as regiões. Nas Américas, por exemplo, mais de oito em cada 10 enfermeiros trabalham em apenas três países, Estados Unidos, Canadá e Brasil, que representam 57% da população.
Além disso, mais de 80% dos enfermeiros de todo o mundo trabalham em países que abrigam apenas metade da população mundial. Um em cada oito enfermeiros trabalha em um país diferente daquele em que nasceu ou recebeu sua formação.
O envelhecimento é outro problema que ameaça a força de trabalho. Segundo a pesquisa, um em cada seis enfermeiros deverá se aposentar nos próximos 10 anos.
Nesse momento, existem menos de 28 milhões de enfermeiros em todo o mundo. Entre 2013 e 2018, o número aumentou 4,7 milhões. Estes profissionais representam mais da metade de todos os profissionais de saúde.
Importância
Em nota, o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que “os enfermeiros são a espinha dorsal de qualquer sistema de saúde” e que, hoje, “muitos encontram-se na linha de frente na batalha contra a Covid-19.''
Para o chefe da OMS, o relatório “é um lembrete do papel único que estes profissionais desempenham e um alerta para garantir que eles obtenham o apoio necessário para manter o mundo saudável."
Para evitar a escassez global, os países com escassez precisam aumentar, em média, o número total de enfermeiros formados por ano em 8%. Também precisa melhorar a capacidade de empregar e manter o sistema de saúde. A pesquisa estima que esse investimento teria um custo anual de, aproximadamente, US$ 10 per capita.
Investimento
A presidente do Conselho Internacional de Enfermeiros, Annette Kennedy, disse que apenas agora, com a pandemia do novo coronavírus, muitos políticos “reconhecem o verdadeiro valor de educar e manter uma força de trabalho profissional de enfermagem."
Segundo ela, “cada centavo investido em enfermagem eleva o bem-estar de pessoas e famílias de maneiras tangíveis e claras para todos.” Para Kennedy, a pesquisa “confirma que o investimento na profissão é um benefício para a sociedade, não um custo.”
Cerca de 90% de todos os enfermeiros são mulheres, mas poucas assumem cargos de liderança no setor. A maior parte desses cargos é ocupada por homens.
Para o presidente da Enefermagem Agora, Nigel Crisp, o relatório mostra a necessidade de fortalecer a liderança dos enfermeiros. Para ele, uma nova onda de investimento “deve começar com um diálogo amplo e intersetorial”, com os enfermeiros no centro dessa discussão.
Fonte: ONU News.