O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) estimam que o número de pessoas testadas para a infecção pelo HIV caiu drasticamente tanto no Caribe quanto na América Latina desde o início da pandemia. Pessoas sem diagnóstico de infecção pelo HIV não têm acesso ao tratamento antirretroviral, correm o risco de perder a vida e podem continuar a expor outras pessoas à infecção.
Para contornar o problema, os organismos da ONU lançaram uma campanha de informação ao público para aumentar a conscientização, a disponibilidade e a demanda por autoteste de HIV: “Em suas mãos. Faça o teste onde quiser, quando quiser ”.
No primeiro semestre deste ano, o número de diagnósticos em oito países da região - Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Peru, República Dominicana e Santa Lúcia - diminuiu em 4.000 em comparação ao mesmo período do ano passado. “A COVID-19 representa um desafio para a prevenção, teste, tratamento e serviços de saúde para pacientes com HIV”, disse César Nuñez, diretor regional do UNAIDS para a América Latina e o Caribe. “Qualquer desaceleração na prestação destes serviços deixará muitos grupos particularmente vulneráveis, m risco de infecção por HIV ou morte relacionada com AIDS,” advertiu.
Nuñez lembrou que existem estratégias para responder a esses desafios: "Testes autoaplicáveis e a administração de vários meses de medicamentos de uma vez, o que reduz o número de vezes que os pacientes devem ir a consultas”, explicou. “No entanto, devemos garantir que essas estratégias estejam sendo aplicadas.”
Na América Latina, o número de novos casos de infecção pelo HIV aumentou 21% de 2010 a 2019, de acordo com as informações mais recentes publicadas pelo UNAIDS. Enquanto isso, as mortes por doenças relacionadas à AIDS diminuíram 8% na última década na América Latina. Em comparação, no Caribe caíram 37%.
O número de novos casos por ano continuou a aumentar, de 100 mil em 2010 para 120 mil em 2019. No mesmo período, o número de mortes anuais relacionadas à AIDS diminuiu ligeiramente, de 41 mil em 2010 para 37 mil em 2019.
“Esses dados indicam que sem dúvida a infecção pelo HIV ainda representa um sério problema de saúde pública na América Latina, e que devemos enfrentar as desigualdades, o estigma e a discriminação para garantir que nenhuma pessoa seja deixada para trás”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Espera-se que a COVID-19 exacerbe esta situação devido ao impacto nos serviços essenciais de saúde, especialmente em países com sistemas de saúde frágeis. Por essas razões, devemos intensificar nossos esforços para proteger esses serviços e permanecer com foco em nosso objetivo final de eliminar a AIDS, que causa um sofrimento terrível", alertou.
A OMS e a OPAS recomendam o autoteste como estratégia chave para atingir as metas assinadas pelos estados-membros das Nações Unidas de que 90% das pessoas com HIV conheçam sua condição. O autoteste, no qual as pessoas coletam suas próprias amostras e as testam, aumenta a autonomia do usuário, descentraliza os serviços de HIV e cria uma demanda para o teste de HIV entre as pessoas que não foram alcançadas por outros serviços.
Fonte: ONU Brasil.