Número de migrantes internacionais no mundo chega a 272 milhões

duas pessoas verificam localização em mapa
Foto: Unicef/Ashley Gilbertson (Via ONU News).

O mundo hoje tem cerca de 272 milhões de migrantes internacionais. Segundo estimativas do Relatório de Migração Global 2020, divulgado nesta quarta-feira pela Organização Internacional para Migrações, OIM. Dois terços dessas pessoas são considerados migrantes de mão-de-obra.

No primeiro relatório do tipo, publicado no ano 2000, os migrantes internacionais representavam 2,8% da população global, com 150 milhões. Em 20 anos, este índice pulou para 3,5%, com um aumento de 122 milhões.

Projeções

Dados do relatório indicam que os Estados Unidos da América são o principal país de destino dos migrantes internacionais desde 1970. Desde então, o número de estrangeiros nascidos no país mais do que quadruplicou, de menos de 12 milhões em 1970 para quase 51 milhões em 2019.

A Alemanha, o segundo principal destino de migrantes, também observou um aumento ao longo dos anos, de 8,9 milhões em 2000 para 13,1 milhões em 2019.

Os cinco principais países de destino de migrantes internacionais incluem ainda Arábia Saudita, Rússia e Reino Unido.

Instabilidade

De acordo com o estudo, o número e a proporção estimados de migrantes internacionais já superam, e muito, algumas projeções feitas para o ano de 2050, que eram da ordem de 2,6% ou 230 milhões. O relatório destaca como é difícil prever a escala e o ritmo da migração internacionais. Ela está diretamente ligada a eventos extremos, como forte instabilidade, crise econômica ou conflito.

Outras influências incluem tendências de longo prazo, como mudanças demográficas, desenvolvimento econômico, avanços na tecnologia de comunicações e acesso a transportes.

Do número total de migrantes internacionais atuais, 47,9% deles são mulheres e cerca de 13,9% crianças.

Informações

Ao enfatizar a importância do estudo, a OIM aponta que é importante entender a migração e o deslocamento, e como eles estão mudando globalmente, dada a sua relevância para os Estados, comunidades locais e indivíduos. A agência enfatiza que as necessidades de análises verificadas e baseadas em evidências sobre essa questão definidora do tempo atual nunca foram tão urgentes.

Para o diretor-geral da OIM, António Vitorino, existe uma "obrigação de desmistificar a complexidade e a diversidade da mobilidade humana." Ele acrescentou que o estudo mostra “um conjunto crescente de dados e informações” que podem ajudar o mundo “a entender melhor os recursos básicos da migração em tempos cada vez mais incertos."

Regiões

Em 2019, a Europa e a Ásia receberam, cada um, cerca de 82 milhões e 84 milhões de migrantes internacionais, respectivamente. Isso representa 61% do número total mundial de migrantes internacionais combinados.

Essas regiões foram seguidas pela América do Norte, com quase 59 milhões de migrantes internacionais em 2019 ou 22% dos migrantes globais, África com 10%, África com 10%, América Latina e Caribe com 4% e Oceania com 3%.

Migrantes

Mais de 40% de todos os migrantes internacionais em todo o mundo em 2019 nasceram na Ásia, sendo a Índia o maior país de origem, com 17,7 milhões.  Em segunda posição aparece o México, com 11,8 milhões, seguido da China, com 10,7 milhões. Vários outros países europeus têm populações consideráveis de emigrantes, incluindo Ucrânia, Polônia, Reino Unido e Alemanha.

Em relação à distribuição de migrantes internacionais por grupo de renda dos países, quase dois terços deles, cerca de 176 milhões, residiam em países de alta renda em 2019. Outros 82 milhões viviam em países de renda média e 13 milhões em países de baixa renda.

Remessas

A estimativa de remessas de dinheiro por migrantes passou de US$ 126 bilhões na edição do relatório do ano de 2000 para US$ 689 bilhões, na última publicação. Um aumento de mais de 446%.

Desde meados da década de 1990, as remessas superaram largamente os níveis oficiais de assistência ao desenvolvimento, definidos como ajuda governamental destinada a promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar dos países em desenvolvimento.

Os três principais destinatários das remessas foram Índia, com US$ 78,6 bilhões e China e México, com US$% 67,4 bilhões US$ 35,7 bilhões respectivamente.

Os Estados Unidos continuaram sendo o principal país remetente, com US$ 68 bilhões, seguidos pelos Emirados Árabes Unidos, com US $ 44,4 bilhões e pela Arábia Saudita, com US $ 36,1 bilhões.

Conflitos

Os dados globais apontam que o deslocamento causado por conflito, violência generalizada e outros fatores permanece em um nível recorde. No final de 2018, o número de pessoas deslocadas internamente devido a violência e conflito atingiu 41,3 milhões.

Esse foi o número mais alto registrado desde que o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno começou a monitorar em 1998. Mais de 30 milhões, quase 75% do total global dessas pessoas deslocadas vivem em apenas 10 países.

A Síria foi a nação que teve o maior número de pessoas deslocadas, com 6,1 milhões até o final de 2018. Mais de 30% da população do país foram deslocados devido a conflitos e violência.

Desastres Naturais

O estudo destaca também que há evidências crescentes de que a magnitude e a frequência de eventos climáticos extremos estão aumentando, e isso deve afetar cada vez mais a migração e outras formas de movimento.

No final de 2018, havia um total de 28 milhões de novos deslocamentos internos em 148 países. Desastres desencadeados por questões climáticas, como tempestades e inundações, deslocaram 16,1 milhões dessas pessoas.

Já as secas geraram 764 mil novos deslocamentos em 2018, a maior parte deles no Chifre da África.

Refugiados

Também até o final de 2018, havia um total de 25,9 milhões de refugiados em todo o mundo. Este índice é o mais alto já registrado, embora a taxa anual de crescimento tenha diminuído desde 2012.

Outras 3,5 milhões de pessoas buscavam proteção internacional e aguardavam a determinação de seu status de refugiado. Em 2018, aproximadamente 2,1 milhões de pedidos de asilo foram apresentados aos Estados ou ao Acnur.

Os Estados Unidos foi o país que recebeu mais solicitações, com 254, 3 mil novos pedidos.

O Peru foi o segundo maior destinatário, com um aumento acentuado dos pedidos de asilo, de 37,8 mil solicitações em 2017 para 192,5 mil em 2018. A maior parte destes, 190,5 mil, foram apresentados por venezuelanos.

O Acnur estima que, no final de 2018, os menores de 18 anos constituíam aproximadamente 52% da população global de refugiados.

Com ONU News.

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