A Organização Mundial da Saúde lançou, nesta quarta-feira, um Plano Estratégico de Preparação e Resposta ao Coronavírus. O anúncio foi feito pelo diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus.
Para isso, a OMS pediu um total US$ 675 milhões para responder ao surto de coronavírus, 2019nCoV, pelos próximos três meses.
Risco
Tedros explicou que US$ 60 milhões serão usados para financiar as operações da OMS, e “o restante é para os países que estão especialmente em risco". Tedros enfatizou que a “mensagem para a comunidade internacional é: invista hoje ou pague (caro) mais tarde".
O objetivo do Plano é “apoiar os países a prevenir, detectar e diagnosticar a transmissão subsequente."
O chefe da OMS afirmou que "US$ 675 milhões é muito dinheiro, mas é muito menos do que a conta” que o mundo enfrentará se o investimento na preparação contra a doença não for feito agora.
Ele afirmou que, mais uma vez, não será possível “derrotar esse surto sem solidariedade, solidariedade política, solidariedade técnica e solidariedade financeira."
Discriminação
O tema do coronavírus também foi abordado numa entrevista a jornalistas do secretário-geral da ONU, em Nova Iorque, nessa terça-feira. António Guterres pediu solidariedade e o fim de qualquer “discriminação infundada” contra as pessoas infectadas.
Guterres acredita que a OMS declarou a emergência global do coronavírus "no momento certo" e que a agência tem sido muito ativa no apoio à China e outros países afetados.
Para ele, a organização está tentando fazer todo o melhor no processo e lembrou que até agora nenhum funcionário da ONU foi infectado.
Guterres fez um apelo por “um forte sentimento de solidariedade internacional, de apoio à China nessas circunstâncias difíceis e uma forte preocupação em evitar a estigmatização de pessoas inocentes e vítimas da situação."
Casos
Até a manhã desta quarta-feira em Genebra, haviam sido confirmados 24.363 casos do 2019nCoV na China com 490 mortes.
Tedros contou que nas últimas 24 horas, foi registrado “o maior número de casos em um único dia desde o início do surto".
Fora da China, foram confirmados 191 casos de coronavírus em 24 países e uma morte, nas Filipinas.
E 31 desses casos são de pessoas que não foi à China. No entanto, todos são de pessoas que tiveram contato próximo com um caso confirmado ou com alguém da cidade chinesa de Wuhan, onde o vírus apareceu em 31 de dezembro.
O diretor-geral da agência destacou que até o momento, 99% dos casos da doença ocorreram na China e 80% estão na província de Hubei, onde fica Wuhan. Para ele, o número “relativamente pequeno” de casos externos “indica que seja possível impedir que o surto se torne uma crise global mais ampla."
Governo chinês
De acordo com Tedros, a "maior preocupação é com o potencial de disseminação em países com sistemas de saúde mais fracos e que não têm capacidade de detectar ou diagnosticar o vírus 2019nCoV.”
Por isso, o chefe da agência apontou que a OMS continua “a apoiar os esforços do governo chinês para combater o surto no epicentro, na fonte, em Wuhan”.
Tedros lembrou que todos entendem "que as pessoas estão preocupadas e com razão.” Ao mesmo tempo, ele enfatizou que “este não é um momento de medo, é um momento de ações e investimentos racionais e baseados em evidências.”
Máscaras
A OMS liberou um total de US$ 9 milhões do Fundo de Contingência para Emergências da agência para ações de resposta à doença. A agência está enviando a 24 países meio milhão de máscaras, 350 mil pares de luvas, 40 mil respiradores e quase 18 mil roupas de isolamento de seus depósitos em Dubai e Accra.
Fora isso, a agência despachou 250 mil testes para mais de 70 laboratórios de referência em todo o mundo para agilizar e facilitar a detecção da doença.
Brasil
No caso do Brasil, aviões da Força Aérea Brasileira, FAB, já estão a caminho da China para repatriar 34 brasileiros da China. Eles pediram num vídeo, divulgado nas redes sociais, para serem resgatados da área de risco de contaminação. Este número, porém, ainda pode aumentar, de acordo com as agências de notícias.
A chegada do avião deve ocorrer no sábado, na cidade de Anápolis, em Goiânia. Passageiros, tripulantes e pessoal médico ficarão em quarentena.
Até o momento, nenhum caso de coronavírus foi confirmado no Brasil. Mas os laboratórios estão realizando testes após suspeitas de contaminação.
Olimpíadas
Uma outra preocupação foi manifestada pelos organizadores dos Jogos Olímpicos, marcados para julho e agosto, em Tóquio, no Japão. O Comitê Olímpico Internacional, COI, teria entrado em contato com a OMS e seus próprios especialistas e disse confiar que as autoridades relevantes tomarão "todas as medidas necessárias para resolver a situação".
Com ONU News.