Maranhão tem a maior alta do país no valor do frete, diz FreteBras

O Índice FreteBras do Preço do Frete (IFPF) mostra que, na comparação entre julho e agosto, as maiores altas no valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil foram registradas no Maranhão (+6,92%) e no Distrito Federal (+6,34%). Os preços médios nesses estados ficaram em R﹩ 1,03 e R﹩ 1,00, respectivamente.

"A produção de grãos no Maranhão aumentou 5,7% nesse período, o que equivale 319 mil toneladas a mais de grãos para transportar. Nós calculamos que seriam necessários cerca de 6 mil caminhões a mais para escoar esse volume. Porém, em nossa plataforma, vimos que apenas mil caminhoneiros a mais estavam disponíveis de julho a agosto. Para atrair mais caminhoneiros, os produtores tiveram que aumentar o preço do frete", explica o Diretor de Operações da FreteBras, Bruno Hacad.

No Distrito Federal, a situação foi parecida. "Enquanto o volume de fretes aumentou em cerca de 12% no período, o número de caminhoneiros disponíveis na região, em nossa plataforma, caiu em 6%", complementa Hacad.

Do outro lado da balança, as maiores quedas no valor médio do frete no período foram registradas no Rio Grande do Norte, onde o frete ficou 15,20% mais barato e no Ceará, que também teve queda significativa de 6,63%.

Cenário desafiador do frete se repete em todas as regiões

O valor do frete no Brasil continua não acompanhando os sucessivos aumentos no preço do óleo diesel S500, segundo o estudo da FreteBras. Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, o custo nacional do transporte por quilômetro rodado por eixo teve um aumento de apenas 1,58%, enquanto o preço do diesel, no mesmo período, subiu 37,25%.

Os dados do IFPF mostram que o valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil foi de R﹩ 0,98, em agosto. A região Norte é a que apresentou o quilômetro por eixo mais caro (R﹩ 1,04), seguida por Nordeste (R﹩ 0,99) e Centro-Oeste (R﹩ 0,98). Os fretes mais baratos foram registrados no Sul e Sudeste, ambos com R﹩ 0,97.

Na comparação entre julho e agosto de 2021, a maior alta do preço do frete foi registrada no Centro-Oeste, alcançando 1,95%. "Isso aconteceu muito em função da crise hídrica que acarretou a paralisação da hidrovia Tietê-Paraná e também o declínio das estimativas da produção nos estados da região. Assim, para o transporte de grãos do percurso Centro-Oeste até Sudeste, os produtores tiveram que usar como alternativa o modal rodoviário, que é dois terços mais caro que o hidroviário", analisa Hacad.

A região Nordeste registrou a maior queda no período, já que entre julho e agosto o valor do transporte rodoviário por quilômetro rodado ficou 3,27% mais barato. Houve um aumento de quase 6% de veículos registrados na plataforma na região, ajudando a puxar para baixo o valor do frete.

Variações anuais são influenciadas pela pandemia

Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, o maior aumento no preço do frete foi na região Sul do país (+2,07%). Neste período, a maior demanda por caminhoneiros para o escoamento da produção de grãos na região, que foi 6,5% maior segundo o CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), gerou um impacto ligeiramente positivo no preço do frete.

Já a maior queda foi registrada no Norte (-4,84%). "Em agosto, tivemos em nossa plataforma 43% mais caminhoneiros disponíveis do que fretes na região Norte e isso fez com que o mercado pagasse mais barato para realizar os transportes ", declara Hacad.

Neste período, as variações do preço do diesel nas bombas foram altas. A média nacional foi 37,25% maior do que em agosto do ano passado, sendo que a região Norte teve a menor variação com 35,39% e a Nordeste obteve a maior, com 38,22%.

O IFPF, que foi lançado em fevereiro, permite uma visão além da regional, com um olhar localizado para os Estados brasileiros. O Alagoas registrou a maior alta no preço do frete (+13,02%), de agosto de 2020 para agosto de 2021, impactado por uma alta de 87% no volume de fretes cadastrados na FreteBras. O Piauí também teve um aumento considerável de 11,53% no preço do frete, puxado pelo aumento de área plantada em 8%, o que gerou uma maior produção de grãos (milho e soja) em cerca de 10%.

Apesar do aumento no preço do frete, ambos os Estados tiveram uma variação de mais de 40% do preço do diesel no período comparado, sendo que Alagoas chegou a quase 43% de aumento.

Sobre os estados com maiores quedas no preço do frete, o Rio Grande do Norte e Ceará, em comparação com agosto de 2020, fecharam com -16,88% e -7,95%, respectivamente, enquanto o preço do diesel nestes Estados aumentou em cerca de 39,38% no mesmo período.

"Depois de lançar o IFPF, confirmamos que o preço médio do frete não acompanha a alta dos custos do diesel, mas também entendemos que o poder de negociar está nas mãos dos caminhoneiros. Por isso, lançamos o programa CalculaFrete, que tem como carro chefe a Calculadora de Custos. O objetivo é apoiar esses profissionais na gestão dos custos do transporte. É uma forma de empoderar ainda mais os motoristas e ajudá-los a organizar melhor seus gastos para conseguir manter o lucro das viagens", explica o executivo da FreteBras.

Metodologia

Os dados que compõem o Índice FreteBras de Preço do Frete (IFPF) têm base na análise de mais de 5 milhões de fretes cadastrados até agosto de 2021. Com mais de 580 mil caminhoneiros cadastrados e 14 mil empresas assinantes, a FreteBras cobre 95% do território nacional. Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), principal índice de preço de combustíveis no Brasil.

Fonte: FreteBras

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