Mortes por resistência antimicrobiana podem subir em 10 milhões até 2050

Mortes por resistência antimicrobiana podem subir em 10 milhões até 2050 BR
Foto: reprodução/ONU News.

Infecções resistentes a medicamentos mataram mais de 1,2 milhão de pessoas no mundo em 2019.

O novo relatório “Preparando-se para superbactérias: fortalecendo a ação ambiental na resposta de saúde única à resistência antimicrobiana” aponta que os óbitos associados à resistência antibacteriana chegaram a 4,95 milhões. 

Ameaças à saúde global

O estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, alerta para a ameaça de mais 10 milhões de mortes diretas ligadas ao problema até 2050, alcançando o mesmo nível da taxa global de mortes por câncer em 2020.

O representante do Pnuma no Brasil, Gustavo Mañez Gomes, falou à ONU News, de Brasília, e explica por que motivo a resistência antimicrobiana entre as 10 principais ameaças à saúde global.

“A gente chama a este tema “a pandemia silenciosa”. É uma das preocupações maiores das Nações Unidas. Se a gente não tomar ação imediata, o estudo calcula que podemos ter 10 milhões de mortes por ano até 2050. E até US$ 3,4 trilhões de perdas econômicas na economia mundial. É uma situação muito grave. Os governos e o setor privado têm que olhar ativamente para este problema.”

Se a questão persistir, prevê-se que lance mais 24 milhões de pessoas na pobreza extrema na próxima década.

O relatório foi apresentado esta terça-feira, em Barbados, na 6ª. Reunião do Grupo de Líderes Globais sobre Resistência Antimicrobiana.

O problema ocorre quando microrganismos como bactérias, vírus, parasitas ou fungos resistem a tratamentos que antes eram eficazes. Entre as condições para que os microrganismos desenvolvam resistência estão o aumento e uso impróprio de antimicrobianos e elementos como metais pesados ​​e poluentes​​.

Riscos à segurança e proteção ambiental

O relatório defende que setores alimentar e agrícola devem rever os limites e o desenvolvimento destes medicamentos para que a capacidade de tratar doenças, baixar a segurança alimentar e os riscos à segurança e proteção ambiental sejam preservados.

Mañez Gomes explicou como as mudanças climáticas podem agravar a resistência antimicrobiana. Ele defende ação urgente e conjugando campos como saúde, meio-ambiente e agricultura.

“Existe uma relação muito forte entre as mudanças climáticas e a resistência antimicrobiana, porque com as mudanças climáticas vamos observar um aquecimento global. Em muitos dos países em desenvolvimento, isso significa um aumento da temperatura nos setores agrícola e do gado. Isso vai fazer aflorar mais enfermidades na agricultura. A resposta natural a isso vai ser uma maior demanda de antibióticos usados, tanto no gado como na agricultura, e isto vai significar mais contaminação. Aqui é onde a gente tem que ficar com muita atenção.”

O estudo enfatiza que sem antimicrobianos eficazes, a medicina moderna teria dificuldades para tratar até mesmo infecções leves entre humanos, animais e plantas.

Infecções resistentes a medicamentos

A crise climática e a resistência antimicrobiana são duas das maiores e mais complexas ameaças que o mundo enfrenta atualmente, defende o estudo. Ambos foram agravados e podem ser mitigados pela ação humana.

No que diz respeito à poluição, as fontes de natureza biológica e química contribuem para o desenvolvimento, transmissão e disseminação da resistência.

O relatório do Pnuma ressalta que cadeias de valor dos setores econômico, farmacêutico, agrícola e de saúde também influenciam profundamente o desenvolvimento e a disseminação da resistência antimicrobiana.

Com ONU News.

 

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