Body modification: uma tendência entre os jovens

Body modification: uma tendência entre os jovens

A juventude é um período cheio de componentes particulares que incita aos jovens a vontade de se expressar, mas não só isso, de serem ouvidos e, principalmente, vistos. E a solução que muitos encontram para isso é a body modification (modificação corporal), por meio da aplicação de piercings, tatuagens e alargadores. Uma preocupação a mais para os pais, que ficam de orelha em pé com a situação.

No caso do alargador, a mudança corporal consiste no aumento da perfuração dos lóbulos das orelhas. Os profissionais da área recomendam que o processo de alargamento comece com 2 mm, lembrando que até 8 mm a orelha volta ao normal, mais que isso o tamanho do próprio lóbulo tende a aumentar naturalmente. Por isso é bom ir com calma! “Limpe três vezes ao dia com sabonete antisséptico tendo as mãos higienizadas, siga a dieta passada pelo profissional e evite contato com água de rio e piscina”, vai logo avisando Gleici Caetano, body piercer há nove anos.

Gleici, que trabalha em um estúdio de tatuagem, conta que recebe muitos jovens entre 13 e 17 anos ávidos por mudanças, mas que as intervenções só acontecem com a autorização dos pais. “Os pais têm que estar presentes e autorizar por escrito através de documentos, além de apresentar o histórico de saúde do menor”, destaca. Caso contrário, nada de alargador para os novinhos.

                               

Cuidados

É comum, principalmente os adolescentes, tentarem alargar a orelha sozinhos em casa, com tubos de canetas e outros objetos. A body piercer adverte: “Isso é muito perigoso, pois o material tem que ser próprio (aço cirúrgico) e deve ser esterilizado antes com métodos que só um profissional conhece”, destaca Gleici. “Existem dois métodos para alargar as orelhas, por pinos e scalp. Primeiramente ocorre um processo de assepsia e só depois se faz o furo na orelha”.

“Hoje em dia os jovens que não tem autorização colocam alargadores pequenos em casa mesmo. Dependendo do tamanho, diante de um possível arrependimento ainda tem volta, mas eu acho errado, nessa idade, tomar decisões que podem ser irreversíveis”, afirma a taturadora Rebeca Brito, que pôs o primeiro alargador na orelha com 18 anos.

O jornalista Ronaldo Andrade conta que também fez a intervenção quando completou 18 anos. A ideia chegou de maneira despretensiosa. “Apenas pelo fato de achar bonito mesmo e ser diferente. Acredito que isso não atrapalha em algumas áreas profissionais”, afirma Ronaldo. Já o produtor cultural Caio Mota é mais seco e direto quando questionado por que decidiu pôr o alargador na orelha quando completou 18 anos. “Decidi colocar e coloquei”, simples assim.

                     

“O lóbulo auricular é a única parte da orelha que não tem cartilagem e é constituído apenas de partes moles. As outras regiões da orelha apresentam, na sua maior parte, tecidos cartilaginosos que quando são lesados tornam a reconstrução cirúrgica mais delicada e muitas vezes com resultados limitados”, afirma Dr. Sérgio Aluani, cirurgião plástico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).

Essa dificuldade de reconstituição para os arrependidos também é destacada pelo cirurgião plástico e professor assistente do Instituto Ivo Pitanguy - RJ, Dr. Eduardo Lintz. “São geralmente pacientes jovens que resolvem não usar mais os citados alargadores e que apresentam uma alteração estética significativa nos lóbulos. A cirurgia pode ser realizada sob anestesia local com sedação e recuperação rápida. Porém, em alguns casos, existe uma dificuldade maior e há possibilidade de não se obter o resultado desejado”, frisa Lintz. Normalmente, as pessoas procuram a cirurgia plástica para esta correção, devido às mudanças no estilo de vida, de personalidade, ambiente profissional, familiar, entre outros. Porém, os profissionais avisam que existirá sempre uma cicatriz resultante de acordo com o local e tamanho da expansão ocorrida pelo adorno.

A Crítica
 

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