Nos últimos dias, a Mononucleose Infecciosa, conhecida como “doença do beijo”, tem sido atribuída como uma das responsáveis pela Esclerose Múltipla (EM). No entanto, especialistas alertam que a infecção viral e a esclerose não possuem relação direta: a mononucleose aumenta o risco da EM em pacientes que já têm “predisposição” a desenvolver a doença autoimune, mas não é fator determinante.
Presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla do DF e Entorno (Apemigos), Ana Paula Morais, detalha que o vírus pode ser um fator a mais para o avanço da Esclerose Múltipla, mas que “ele sozinho não causa EM”.
Ana Paula pondera que a confusão entre a mononucleose e a EM aumenta o estigma das pessoas diagnosticadas com Esclerose Múltipla. “A EM não é uma doença contagiosa e a pessoa não escolhe ter a doença. Não é possível prevenir”, salienta.
A presidente da Apemigos ressalta que, se a doença for tratada de forma adequada, é possível garantir maior qualidade de vida. “Pelo Sistema Único de Saúde (SUS) conseguimos a maioria das medicações, que são caras”, informa.
Ela acrescenta que a doença é única em cada paciente. “Por ser uma patologia que afeta o sistema nervoso central, medula espinhal e nervos ópticos, não dá para falar que todos os pacientes terão os mesmos sintomas e graus de evolução, isso depende muito do local das lesões e como cada indivíduo vai reagir”, explica Ana Paula.
Entenda
A Esclerose Múltipla atinge principalmente jovens e adultos entre 18 e 55 anos. A doença autoimune é caracterizada pelo dano na bainha de mielina, que envolve as células nervosas (axônios), por onde passam os impulsos elétricos que controlam as funções do organismo. Esse dano pode gerar alterações na visão, no equilíbrio e na capacidade muscular do paciente.
A EM pode ser classificada em três formas principais, de acordo com o grau de evolução, a incapacidade do paciente e a frequência dos sintomas. São elas: esclerose múltipla remitente-recorrente (EM-RR), a forma mais comum e que representa 85% de todos os casos da doença; a primariamente progressiva (EM-PP) e a secundária progressiva (EM-SP).
Vale lembrar que em dezembro de 2020, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla (PCDT) foi atualizado para uma nova versão. No novo documento, o medicamento natalizumabe, que antes era a quarta linha de tratamento prevista e recomendada pelo Ministério da Saúde, se tornou a terceira linha para pacientes com EM-RR intolerantes ou com histórico de falha terapêutica aos medicamentos de primeira e segunda linha.
Outra atualização é o natalizumabe ser indicado como primeira opção de tratamento para pacientes com EM-RR em alta atividade da doença, seja para os casos de falha ou restrição com as demais opções ofertadas ou como primeira alternativa entre os medicamentos modificadores do curso da doença.
Fique alerta
Alguns sintomas são sinais de atenção para buscar atendimento com especialistas. Veja quando suspeitar de EM e procurar ajuda médica:
- Alterações cognitivas;
- Alterações emocionais;
- Alterações sensoriais;
- Desequilíbrio;
- Dificuldade para articular a fala;
- Dificuldade para engolir;
- Disfunção da bexiga e/ou do intestino;
- Disfunção sexual;
- Distúrbios visuais;
- Dor;
- Fadiga;
- Fraqueza muscular;
- Rigidez.
Com Ministério da Saúde.