Pesquisa mostra aumento de mortes por síndromes respiratórias graves

Pesquisa mostra aumento de mortes por  sindromes respiratórias graves
Foto: Freepik.

Referente à Semana Epidemiológica 47 (15 a 21 de novembro), o novo Boletim InfoGripe, produzido pela Fiocruz, aponta para uma possível retomada de crescimento no país, em novembro, dos números de casos e óbitos por Sindrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre os resultados positivos para os vírus respiratórios, cerca de 97,7% são  em consequência do novo coronavirus.

Segundo o coordenador do InfoGripe, o pesquisador Marcelo Gomes, o cenário nacional e regional mostra que o dado semanal de óbitos e casos por SRAG e Covid-19 se encontra na zona de risco e ocorrência de casos semanais muito alta. “Os novos dados indicam interrupção de queda e sinal de retomada de crescimento. Todas as regiões do país encontram-se na zona de risco e com ocorrência de casos muito altas”, observou.

Já foram reportados este ano 565.312 casos, sendo 309.507 (54,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 177.156 (31,3%) negativos e aproximadamente 45.184 (8%) aguardando resultado laboratorial. Levando em conta a oportunidade de digitação, estima-se que já ocorreram 587.765 casos de SRAG, podendo variar entre 580.332 e 599.467 até o término da semana 47.

Entre os positivos, 0,4% são influenza A, 0,2% influenza B,  0,4% vírus sincicial respiratório (VSR), e 97,7% Sars-CoV-2 (Covid-19). Considerando a presença de febre nos registros, conforme definição internacional de SRAG, o total de casos notificados foi de 379.366, com estimativa de 392.328 [387.997 – 398.095]. Para fins de comparação, o total de registros em todo o ano de 2019 e 2016 foi de 39.429 e 39,871 casos, respectivamente.

O pesquisador destacou que a interrupção na inserção de registros no Sivep-Gripe entre o final da semana 45 e começo da semana 46, em função do ataque à rede do Ministério da Saúde, gerou alteração no perfil da oportunidade de digitação nessas duas semanas. O que pode resultar em eventual perda de qualidade da estimativa de casos recentes em alguns locais. “Como o sistema é recalibrado semanalmente, eventual perda de precisão deve ser reduzida gradativamente nas próximas semanas”, explicou.

Gomes chamou atenção ainda sobre a diferença significativa, já identificada em boletim anteriores, sobre as notificações de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Mato Grosso registradas no sistema nacional Sivep-gripe e os registros apresentados no sistema próprio do estado (disponível aqui). Diferença que se manteve até a atual análise.

“Conforme destacado em boletins anteriores e explicitado em nota técnica elaborada pela Fiocruz, os dados aqui apresentados devem ser utilizados em combinação com demais indicadores relevantes, como a taxa de ocupação de leitos das respectivas regionais de saúde, por exemplo”, ressaltou o coordenador do InfoGripe.

ACESSE

BOLETIM INFOGRIPE

OBSERVATÓRIO COVID-19

Capitais

Na presente atualização observa-se que 12 capitais apresentam sinal moderado (probabilidade > 75%) ou forte (probabilidade > 95%) de crescimento na tendência de longo prazo até a semana 47. Apenas três capitais apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo. De acordo com o Boletim, a interrupção na inserção de registros entre os dias 5 e 10 de novembro podem impactar a estimativa de casos recentes. Portanto, recomendamos cautela especialmente na avaliação de casos de queda, pelo princípio da prevenção.

Belo Horizonte, Campo Grande, Maceió e Salvador apresentam sinal forte (prob. > 95%) de crescimento no longo prazo. Curitiba, Natal, Palmas, Região de Saúde Central do DF (Plano Piloto de Brasília e arredores), Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e Vitória apresentaram sinal moderado (prob. > 75%) de crescimento na tendência de longo prazo. Entre as que haviam registrado sinal de crescimento no último boletim, João Pessoa e Rio Branco apresentam sinal de estabilização após crescimento, sendo que na capital da Paraíba essa estabilidade ocorre após novamente ter atingido o patamar de 10 novos casos semanais por 100 mil habitantes, contrastando com a média de aproximadamente 6,5 mantida durante o mês de agosto.

Florianópolis interrompe o longo período de crescimento iniciado em setembro, apresentando sinal de estabilidade na tendência de longo prazo. A estabilização observada no presente boletim indica que atingiu um novo pico de magnitude semelhante ao observado em julho, com cerca de 11 novos casos semanais por 100 mil habitantes. A capital catarinense está entre as que registraram o menor pico de incidência durante a fase mais aguda.  A pesquisa indica sinal moderado de queda na tendência de curto prazo para Florianópolis, sendo recomendado reavaliação na próxima semana para confirmação desta possível reversão de tendência. Finalmente, os dados de Goiânia indicam a confirmação da interrupção na tendência de queda que vinha se mantendo até final de outubro, entrando em situação de estabilidade, sendo recomendado reforço na comunicação das autoridades junto ao público quanto à necessidade de manutenção dos cuidados básicos para evitar uma retomada do crescimento como observado em outras capitais.

Conforme descrito nos avisos deste boletim, a tendência reportada para Cuiabá não é confiável, uma vez que se observou grande diferença entre os dados de SRAG do estado reportados no Sivep-gripe, utilizados pelo InfoGripe, e aqueles reportados no sistema próprio do estado, com grande subnotificação no Sivep-gripe. É de fundamental importância o reestabelecimento dos registros no sistema nacional para acompanhamento adequado da situação.

Unidades federativas

Em apenas 6 das 27 unidades federativas observa-se tendência de longo e curto prazo com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Nos demais 21 estados, que são Acre, Pará, Tocantins, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, há ao menos uma macrorregião estadual com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado (probabilidade > 75%) ou forte (probabilidade > 95%) de crescimento.

Fonte: Fiocruz.

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