Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2022 pela revista Time, Sônia Guajajara é uma mulher indígena, brasileira e nordestina. Ela pertence ao povo Guajajara/Tentehar, que vive nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, e atualmente é pré-candidata a deputada federal por São Paulo pelo PSOL.
Nascida em 1974, Guajajara saiu de casa aos 10 anos para trabalhar. Aos 15 anos, recebeu ajuda da Funai para cursar o ensino médio em Minas Gerais. "Desde tenra idade, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos", escreve na Time o político Guilherme Boulos, que teve Guajajara como candidada a vice-presidente na chapa do PSOL em 2018 à Presidência da República. "Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista."
Guajajara se formou em Letras e Enfermagem e fez pós-graduação em Educação Especial. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), ela começou sua militância indígena e ambiental ainda jovem, nos movimentos de base, e logo chegou ao Congresso Nacional, onde lutou contra projetos que ameaçam indígenas e o meio ambiente.
Projeção internacional
A ativista ganhou notoriedade internacional em poucos anos. Hoje ela tem voz no Conselho de Direitos Humanos da ONU, leva denúncias às Conferências Mundiais do Clima (COP), ao Parlamento Europeu, entre outras instâncias de fora do Brasil.
Em 2015, Sônia Guajajara ganhou o Prêmio Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, entregue pela então presidente Dilma Rousseff. No mesmo ano, a indígena conquistou a Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo e a Medalha Honra ao Mérito do Governo do Maranhão, por sua articulação com órgãos governamentais contra queimadas na Terra Indígena Arariboia.
Luta que não acaba
Em 2018, Sônia se tornou a primeira mulher indígena a concorrer a uma chapa presidencial no Brasil, como candidata a vice-presidente pelo PSOL. E a ativista segue articulando o protagonismo de mulheres indígenas, atuando como coordenadora executiva da Apib.
Guajajara também compõe o Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil, que faz parte de um Programa das Nações Unidas. Com isso, ela atua na linha de frente contra a devastação em terras indígenas e na Amazônia.
"Ela também chamou atenção nacional para o atropelamento dos direitos indígenas durante a pandemia de Covid-19. Sônia é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que salda suas dívidas com o passado e finalmente acolhe o futuro", finaliza Boulos na Time.