A plataforma sueca de streaming musical Spotify está feliz da vida. No relatório fiscal do último trimestre de 2019 divulgado nesta quarta-feira (5), a companhia revelou um crescimento de 31% no número de usuários mensais ativos (MAUs), atingindo a marca de 271 milhões de consumidores. No trimestre anterior, esse número era de 248 milhões e, em 2018, era de 207 milhões.
Essa curva para cima tem um “culpado”: o mercado de podcasts. Desde que passou a apelar para o público cativo desse tipo de conteúdo, o Spotify vem registrando bons índices de crescimento. No relatório divulgado pela empresa, há ainda a ressalva de que essa linha de produtos está ajudando a converter usuários gratuitos em assinantes pagantes, com crescimento de 29% de incursão de consumidores premium ano a ano (10% na medição trimestre a trimestre).
Em termos financeiros, o Spotify registrou receita de US$ 2 bilhões — alta de 24% em relação a 2018. Mais além, a situação positiva se mantém mesmo diante do crescente prejuízo operacional: o Spotify registrou gastos de US$ 84 milhões, no que justificou como “aumento anual de custos de operação” e “uma demanda maior do que a esperada” em taxas de folha de pagamento.
Podcasts
Grande parte desse crescimento do Spotify se deve à plataforma abraçar — e ajudar a popularizar — o mercado de podcasts. Antes relegado a uma posição de nicho, os criadores de conteúdo viram no Spotify uma via de acesso a um público massificado, começando a postar os episódios de seus shows na plataforma assim que ela lhes deu esse suporte. O Spotify também enxergou isso com bons olhos, trabalhando ao longo de todo o ano passado para adquirir estúdios do mercado e começar a produzir próprio conteúdo.
De acordo com a empresa, no terceiro trimestre de 2019, cerca de 14% de sua base de usuários ouviram a algum podcast pela plataforma. Esse número aumentou para 16% no trimestre seguinte, totalizando cerca de 200% de aumento nas horas dedicadas totais à escuta desse tipo de conteúdo. Mais além, o Spotify estabeleceu, dentro de seu app, uma clara divisão entre músicas e podcasts, o que facilitou a busca e identificação por programas do tipo.
“Nós temos um volume crescente de evidências que mostram que há benefícios significativos de engajamento, retenção e conversão de usuários da nossa versão suportada por anúncios [assinatura gratuita] para o premium [assinatura paga], advindo do consumo de conteúdos de podcast”, disse a companhia. “Temos visto benefícios na retenção em várias centenas de pontos, o que é uma mudança material na curva de retenção, para usuários que se engajam em conteúdo falado em relação a aqueles que não o fizeram, e dados primários indicam que estes usuários são mais propensos a migrar para planos premium com o passar do tempo”.
A grosso modo, o que o Spotify está dizendo é que os dados de seus usuários lhes deram uma compreensão do comportamento de fãs de podcast: basicamente, eles odeiam anúncios intrusivos — algo comum no plano gratuito da empresa — e preferem adotar planos pagos para se livrarem de publicidades que quebrem a imersão em conteúdos falados, como podcasts.
O Spotify ainda sinalizou a continuidade dos investimentos neste setor, citando “evidências tangíveis” de que a ideia está dando certo.
Fonte: Canaltech; Spotify.