A pandemia da covid-19 explica em parte a taxa recorde de abstenção no primeiro turno das eleições municipais realizadas no domingo (15). Dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 34,2 milhões dos mais de 147 milhões de brasileiros aptos a votar não compareceram às urnas, o que corresponde a 23,14%.
O índice de abstenção no pleito municipal é o maior desde 1996, ano em que as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas. O movimento já era esperado devido à pandemia e a consequente preocupação de eleitores em evitar aglomerações. Mas cientistas políticos avaliam que o crescimento da abstenção é uma tendência desde antes da pandemia. Nas duas eleições municipais anteriores, a abstenção no primeiro turno foi de 17,58% em 2016 e de 16,41% em 2012.
O professor da Universidade de Brasília (UnB) e cientista político Ricardo Caldas aponta uma série de fatores para a queda na participação dos eleitores e avalia que a tendência parece ser irreversível.
Segundo Gilberto Guerzoni, consultor legislativo do Senado, muitas vezes os eleitores não conseguem identificar políticos que correspondam às suas próprias ideias:
No Rio de Janeiro e em Porto Alegre, um terço dos eleitores não votou; Em São Paulo, o índice de abstenção foi de 29%. E em mais da metade das capitais foi superior a 25%.
Na eleição mais recente, a presidencial de 2018, a abstenção no primeiro turno ficou em 20,33%. O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, chegou a afirmar que a abstenção poderia chegar a 30% em 2020. Ele comemorou a participação dos brasileiros nas eleições deste ano.
Fonte: Agência Senado.