Sundar Pichai, CEO da Alphabet e do Google, acredita que é preciso regular tecnologias de inteligência artificial em todo o mundo. O executivo foi convidado pelo Financial Times para escrever um editorial no site, no qual ele apontou que há perigos potenciais com as novas ferramentas. O CEO foi claro:
“Não há dúvidas para mim de que a inteligência artificial precisa ser regulada. É muito importante para que não seja”. “A única questão é como fazer isso”, disse o executivo.
Um dos argumentos utilizado por ele é de que a tecnologia está avançando rápido, o que demanda por mudanças também em leis. A sugestão, contudo, é de não tratar todas as ferramentas de IA da mesma forma. Por exemplo, para carros autônomos, o que ele considera mais perigoso deve haver mais rigor.
“Companhias como as nossas não podem simplesmente construir novas tecnologias promissoras e entregar às forças do mercado para que decidam como isso será usado. Cabe igualmente a nós garantir que a tecnologia seja aproveitada para fazer o bem e seja disponível a todos”, disse.
Um dos desafios para isso seria a necessidade de uma parceria entre países para a criação de uma regulamentação comum. Mesmo entre regiões com bom histórico de colaboração, ainda não há consenso. Por exemplo: os Estados Unidos trabalham com propostas de leis mais leves, que pretendem evitar que empresas se sintam acuadas a investir em tecnologias do setor. Já a União Europeia é mais intervencionista, com propostas como a lei que pretende banir reconhecimento facial.
“O alinhamento internacional será crítico para que padrões globais funcionem”, ressaltou o executivo.
Pichai também aproveitou o artigo para reforçar as mudanças em projetos polêmicos dentro do Google. Ele foi claro em dizer que a gigante não vai trabalhar com inteligências artificiais que “apoiem vigilância em massa ou viole direitos humanos”. Em 2018, a companhia passou por discussão interna ao negociar colaboração para o projeto Maven, uma iniciativa do pentágono para vigilância com uso de inteligência artificial. Após cartas internas e demissões, a Google abandonou o contrato.
No fim, Pichai também enfatizou que é preciso comprometimento das empresas para colocar as regras em prática. “Princípios que se mantêm no papel são insignificantes”, reforçou.
Fonte: Canaltech; Financial Times.