Sonda indiana está criando mapa da Lua com a maior resolução da história

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Foto: Pixabay.

A agência espacial indiana (ISRO) está prestes a apresentar uma série de resultados das primeiras observações dos instrumentos de mapeamento que estão incluídos na Chandrayaan-2, a sonda indiana atualmente em órbita lunar. Este conjunto de equipamentos especiais está criando o mapa de maior resolução da Lua já feito até hoje.

Embora o módulo de pouso Vikram tenha caído na Lua em sua tentativa de pouso, a Chandrayaan 2 incluía o orbitador, que está em perfeito funcionamento. Ele possui uma câmera óptica chamada Orbiter High-Resolution Camera (OHRC), que captura imagens detalhadas da Lua, com resolução de 0.25 metros/pixel, o que supera até mesmo a Lunar Reconnaissance Orbiter Orbiter (LRO), da NASA, com 0,5 metros/pixel.

Essa câmera demonstrou a criação de imagens capturadas em uma área que não é iluminada diretamente pelo Sol - o chão de uma cratera na sombra com uma luz fraca caindo sobre ela, refletida em sua borda (imagem abaixo). Esse resultado está em um material que a ISRO preparou para apresentar durante a Lunar and Planetary Science Conference, que acontece na próxima semana (de 16 a 20 de março).

Essa capacidade de fotografar detalhes minuciosos da Lua será usada para mapear o interior das crateras nos polos lunares, onde a luz do Sol nunca chega. Esse mapeamento é importante porque os cientistas cogitam que os habitats lunares de futuras missões tripuladas na Lua poderão ficar ali perto, favorecendo a coleta da água que parece haver nessa região.

A sonda também tem uma câmera de mapeamento, apelidada de TMC 2. Trata-se de um gerador de imagens 3D. Esse equipamento transmitiu imagens fotografadas de 100 km acima da superfície lunar e a equipe científica da missão parece bem satisfeita com as visualizações em 3D geradas a partir dessas imagens. Abaixo, está uma cratera que mostra o nível de detalhamento desses instrumentos.

Além de ajudar no planejamento das futuras missões lunares, as imagens podem ser muito úteis para entender como as crateras e outras características se formam por lá, e por que elas têm esses formatos. Por exemplo, uma imagem 3D pode ajudar a construir uma imagem completa da geometria de uma cratera e, analisando esse mapa, será possível saber como foi o impacto que a originou.

Outro instrumento presente na Chandrayaan 2 é o Imaging Infrared Spectrometer (IIRS). Ele detecta a luz solar refletida da superfície da Lua e, assim, os cientistas identificam minerais por lá com base nos padrões dessas reflexões. Abaixo, estão imagens da cratera Glauber, vistas pelo IIRS e M3, seu antecessor que estava a bordo da missão CHandrayaan 1, respectivamente.

Já o Dual Frequency Synthetic Aperture Radar (DFSAR) consegue “penetrar” na superfície da Lua e possui altíssima resolução. Isso significa que ele poderá quantificar a quantidade de gelo de água está abaixo da superfície, e já está se dedicando a essa tarefa. As estimativas atuais baseadas em observações anteriores apontam que os polos da Lua escondem mais de 600 bilhões de kg de gelo de água, equivalente a pelo menos 240.000 piscinas de tamanho olímpico.

Tudo isso é empolgante para o planejamento de novas missões tripuladas na Lua, mas antes disso precisamos saber mais sobre a natureza de todo esse gelo e como os astronautas poderão escavar o solo para conseguir acessá-lo. Os resultados iniciais da Chandrayaan 2 mostram que este mapa de alta resolução será de grande utilidade nessa tarefa, ainda mais porque a ISRO declarou que a sonda funcionará por sete anos. De acordo com a agência espacial, esse tempo será suficiente para mapear e quantificar completamente a água lunar.

Fonte: Canaltech; Universe Today.

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