As Nações Unidas revelaram que menos da metade das mulheres em idade ativa está no mercado de trabalho. Essa proporção quase não mudou nos últimos 25 anos, de acordo com um novo relatório lançado esta terça-feira em Nova Iorque.
A participação feminina no trabalho doméstico e na prestação de cuidados não remunerados é quase desproporcional. A situação reduz o potencial econômico do grupo, uma vez que a pandemia também afeta seus empregos e meios de subsistência.
Empoderamento
A publicação Mulheres no Mundo 2020: Tendências e Estatísticas compila 100 dados para ilustrar o estado da igualdade de gênero em todo o mundo.
O portal interativo aborda a igualdade de gênero em categorias como população e famílias, saúde, educação, empoderamento econômico e posse de bens, poder e tomada de decisão, violência a mulheres e meninas e impacto da Covid-19.
Em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática, as mulheres continuam sub-representadas, sendo pouco mais de 35% do total de graduados no mundo. A tendência é a mesma na pesquisa e desenvolvimento científico, onde o grupo representa menos de um terço do total global.
O nível da violência a mulheres e meninas continua sendo problemático e esse risco subiu durante as medidas de confinamento contra a Covid-19. Muitas delas foram isoladas em ambientes inseguros que lhes expuseram ao maior risco de sofrer violência pelo parceiro íntimo.
Mortes
Nos casos mais extremos, o nível da violência contra as mulheres é letal: em todo o mundo, ocorrem cerca de 137 mortes diárias pelo parceiro íntimo ou cometida por um membro da família.
Embora a mutilação genital feminina ocorra com menor frequência em alguns países, pelo menos 200 milhões das vítimas sobreviveu a esta forma específica de violência no continente africano e no Oriente Médio, onde a prática prevalece.
Como um sinal de mudança de atitudes, o nímero de mulheres que aceitam ser espancadas por seus parceiros diminuíu em quase 75% em países com dados divulgados nos últimos sete anos.
O secretário-geral António Guterres comentou a publicação realçando que 25 anos após a adoção da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, “o progresso em direção à igualdade de poder e direitos iguais para as mulheres continua indefinido.”
Recuperação
Para o chefe da ONU, a Década de Ação para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os esforços por uma melhor recuperação da pandemia oferecem uma chance de transformar a vida de mulheres e meninas, hoje e amanhã”.
Em nível global, o grupo soma cerca de três vezes mais horas em trabalho doméstico e da prestação de cuidados não remunerados do que os homens: são 4,2 horas em comparação com 1,7 do sexo oposto.
Essa diferença é ainda maior no norte da África e na Ásia Ocidental, onde mulheres se dedicam a essas atividades acima de sete vezes mais horas do que os homens.
O documento aponta ainda um aumento da participação feminina na educação em todo o mundo. No nível superior, elas superam os homens e as matrículas aumentam mais rapidamente para as mulheres do que para os homens.
Fonte: ONU News.