Covid-19: pesquisa investiga evolução da letalidade no mundo

Covid-19: pesquisa investiga evolução da letalidade no mundo
Foto: Universidade de Oxford/John Cairns.

Um estudo desenvolvido em parceria entre a Fiocruz Pernambuco, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) fez uma investigação sobre a evolução temporal dos números diários de óbitos pela Covid-19 considerando o panorama de 43 países. Utilizando abordagens físicas e da teoria da informação, os investigadores chegaram a resultados que dão respaldo científico à eficiência de medidas como uso de máscaras faciais, distanciamento social, quarentena, uso massivo de testes na população e orientações higiênicas para limitar os impactos da doença. A pesquisa mostrou que países proativos na implementação dessas medidas sanitárias apresentaram maior previsibilidade (menor entropia) à letalidade pela Covid-19. 

Em contraste, os países reativos na implementação dessas medidas tiveram menor previsibilidade (maior entropia). “Diante disso, nossos achados esclarecem que essas medidas preventivas são eficientes no combate à letalidade do Covid-19”, dizem os cientistas no artigo Predictability of COVID-19 worldwide lethality using permutation information theory quantifiers, publicado na revista Results in Physics da plataforma Elservier.

A metodologia adotada utilizou os quantificadores da teoria da informação, mais especificamente a entropia de permutação e a medida de informação de Fisher. Os dados cobrem o período aproximado de um ano, entre 19 de fevereiro de 2020 e 6 de janeiro de 2021.

“A utilização da entropia de permutação e da medida de informação de Fisher para quantificar a desordem em séries temporais de óbitos de Covid-19 é uma abordagem inovadora, aproximando a física dos fenômenos biológicos e trazendo luz ao entendimento da pandemia em curso. Essa abordagem põe nosso grupo na vanguarda do entendimento da dinâmica da Covid-19”, explica o pesquisador da Fiocruz  Bartolomeu Acioli, coordenador do estudo.

“A partir de uma perspectiva de saúde pública, nossa metodologia é uma abordagem robusta para subsidiar a tomada de decisão por agentes públicos sobre medidas eficientes para lidar com a presente pandemia”, declara o professor da UFRPE Leonardo Fernandes, parceiro na pesquisa e autor principal do artigo. Integram também o grupo da pesquisa os professores do IFPB Fernando Araújo e Angélica Silva.

Os nove países com melhores posições no ranking dessa pesquisa foram Taiwan, Vietnã, Nova Zelândia, Cingapura, Islândia, Tailândia, Chipre, Estônia e Noruega. Ao longo de todo o período analisado esses locais apresentaram algumas características em comum, como menos de 25 mortes acumuladas por 100 habitantes e nenhum momento de explosão de mortes, que se poderia caracterizar como uma onda, como ocorreu em outros países.

Os países que apresentaram maior entropia, ou seja, ficaram com as piores posições nesse ranking, foram Argentina, África do Sul, Bélgica, Irã, República Tcheca, Índia, Peru, Colômbia e Itália. Os autores explicam que todos esses países experimentaram algum momento de explosão do número de mortes, caracterizando-se por uma, duas ou até três ondas de contágio. No caso da Itália, primeiro país do ocidente a vivenciar a epidemia do novo coronavírus e última colocada nesse ranking, o crescimento do número de casos e mortes foi exponencial, logo nos primeiros meses. Os Estados Unidos e o Brasil, apesar do alto número de mortes por Covid-19 registrado no intervalo pesquisado, situaram-se numa posição intermediária nesse ranking, respectivamente na 15ª e 16ª posição.  

Fonte: Fiocruz.

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