Em resposta às invasões e depredações promovidas por terroristas no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou, neste domingo (08), a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal para manter a ordem na capital do país. O interventor designado pelo presidente é o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Garcia Cappelli.
A decisão foi anunciada em coletiva de imprensa concedida pelo presidente em Araraquara (SP). Lula visitou a cidade paulista neste domingo para prestar apoio àqueles que perderam familiares durante os desastres causados pelas fortes chuvas no fim do ano passado e discutir com o prefeito Edinho Silva medidas para a reconstrução das áreas afetada.
"Não tem precedente na história do nosso país. Não existe precedente o que essa gente fez e por isso essa gente terá que ser punida. E nós, inclusive, vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram à Brasília. Nós vamos descobrir os financiadores e todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade, esse gesto antidemocrático e esse gesto de vândalos e de fascistas". Na sequência, o presidente leu o texto do decreto que institui a intervenção no Distrito Federal.
Lula anunciou que retornará imediatamente a Brasília e que visitará os locais afetados pelas invasões deste domingo. "Eu vou voltar para Brasília agora e vou visitar os três palácios que foram quebrados e podem ficar certos que isso não se repetirá. Nós vamos tentar descobrir quem financiou isso e essa gente toda vai pagar. Se houve omissão de alguém no Governo Federal que facilitou isso, também será punido. Nós não vamos admitir", avisou o presidente.
Para o presidente, houve falhas tanto por parte da Polícia Militar do Distrito Federal, quanto pelos responsáveis pela segurança pública na capital. "Quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a Polícia Militar do Distrito Federal, que não fez. Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal", afirmou.
Lula lembrou os atos ocorridos no mês passado, quando bolsonaristas queimaram carros e ônibus em Brasília e assegurou que, caso haja comprovação de que policiais militares deixaram de cumprir com suas obrigações ou facilitaram as ações dos vândalos, esses também serão identificados e punidos.
"Não é a primeira vez. Vocês vão ver nas imagens que eles estão guiando as pessoas na caminhada até a Praça dos Três Poderes. Quando houve a minha diplomação, vocês viram aquele quebra-quebra em Brasília à noite. A Polícia Militar de Brasília estava guiando e vendo eles tocarem fogo em ônibus e não fazia absolutamente nada. Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação, porque não são de confiança da sociedade brasileira."
O presidente Lula ressaltou que uma invasão aos prédios dos Três Poderes é algo sem precedentes na história do país e disse que as ações que serão tomadas de agora em diante têm como objetivo não apenas de punir os responsáveis, mas de evitar que algo desta natureza volte a ocorrer.
"Eu espero que, a partir desse decreto, a gente possa não só cuidar da segurança do Distrito Federal, mas garantir de uma vez por todas que isso não se repetirá mais no Brasil", disse Lula. "É preciso que essa gente seja punida de forma exemplar, que essas pessoas sejam punidas de forma a que ninguém nunca mais ouse, com a bandeira nacional nas costas ou com a camiseta da seleção da brasileira, para se fingir de nacionalistas, para se fingirem de brasileiros, fazer o que eles fizeram hoje", prosseguiu.
O presidente Lula também atribuiu parte da responsabilidade dos ataques deste domingo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "Todo mundo sabe que tem vários discursos do ex-presidente da República estimulando isso. Ele estimulou a invasão na Suprema Corte. Ele estimulou invasão nos Três Poderes. Isso também é da responsabilidade dele. Isso é de responsabilidade dos partidos que sustentam ele e tudo isso vai ser apurado com muita força e com muita rapidez", afirmou Lula.